segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Importância do Estado Laico para o Cristianismo e a Importância de Dilma para o Estado Brasileiro



O Brasil chegou longe, se tornou uma das maiores economias do mundo, fortaleceu sua democracia, lutou contra a ditadura militar que amordaçava e torturava aqueles que tinham sede de liberdade. Artistas, militantes, cristãos, camponeses, estudantes levantaram-se para lutar por aquilo que conquistamos hoje, um Brasil diferente, com oportunidades, com menos discrepâncias sociais, com uma democracia. Tantos debates políticos foram feitos, elaboramos uma Constituição cidadã, discutimos projetos de país, a importância dos programas de governos, formulamos leis de responsabilidade fiscal, incluímos a alimentação como um direito social garantido pela Constituição, e retiramos o Brasil da lista da ONU de países que tem fome. Aprovamos estatutos para garantir os direitos de crianças e adolescentes, o direito de idosos, leis para proteger as mulheres da violência doméstica, construímos universidades como há tanto tempo não se fazia e escolas técnicas em todo canto do país. Avançamos muito no debate de idéias que colocaram o ser humano como centro, fortalecendo assim um Estado Democrático Social de Direito, um Estado laico, que não vise apenas garantir a igualdade, mas que respeite as diferenças. Enfim, o tempo correu desde a idade média, quando Igreja e Estado eram conceitos quase sinônimos, o mundo evoluiu, e aqueles que desejam exercer sua fé independente do que pensa a maioria, possuem seus direitos garantidos mesmo assim. A aprovação da lei do divórcio no Brasil foi um ponto muito debatido, pois a igreja Cristã era contra que o Estado acompanhasse aquilo que já ocorria na prática, pessoas se casavam e se separavam, e casavam-se novamente na prática, mas não tinham como regularizar sua situação judicialmente, pois o Estado não permitia o divórcio, e quem mais sofria com isso, sem dúvida eram as mulheres que se tornavam estigmatizadas e eram discriminadas devido a sua condição de “separada”. No entanto, com a aprovação da lei do divórcio, aqueles que acreditavam, devido a sua fé, que o casamento deveria ser um sacramento e em hipótese alguma deveria ser desfeito, estes continuaram casados, independente de o Estado permitir ou não a dissolução do casamento. Porém, muitos que viviam infelizes, cheios de culpa, puderam regularizar sua situação perante a lei, pedindo divórcio e casando-se novamente. Por isso, percebemos que Estado avançou, cada vez mais pôde respeitar as diferentes faces dos seus cidadãos, personalidades, gostos, convicções e posturas.
Diante de tudo isso, me indigna muito o que ocorre no Brasil, tenho visto em redes sociais pessoas dizendo que cristão deve votar em candidato cristão. Pessoas que ao invés de trazerem a tona o investimento no ser humano como centro de seu debate, projetos políticos, políticas públicas, reformas, investimentos, saúde, educação, segurança, alimentação, ciência e tecnologia, comunicação, inclusão digital, não, trazem para o centro do debate os moralismos, as intolerâncias, as picuinhas, as invejas, as hipocrisias, os fundamentalismos. Admira-me muito e negativamente, cristãos que torcem para que Estado e a religião voltem a ser uma única coisa. Que tentam impor a todos aquilo que é motivação de fé, que ao invés de terem a tolerância e o amor como centro de suas vidas, montam uma seqüência de regras religiosas a serem seguidas absolutamente cheias de rituais e vazias de sentido. A história prova que o Estado religioso cristão na idade média foi algo desastroso. O tribunal da Inquisição instituído principalmente na Europa nos séculos XVI, XVII e XVIII, afirmam alguns historiadores, chegaram a matar mais de nove milhões de pessoas. A principal prova usada nos processos judiciais da Inquisição era confissão e obviamente que tais confissões eram obtidas através dos mais diversos tipos de tortura (cenário parecido, diga-se de passagem, com a ditadura militar enfrenta pela nossa presidenta em sua juventude). O ápice da confusão entre Estado e religião foi o período Inquisitorial e foi algo absolutamente desastroso, pois com o avanço do fundamentalismo, qualquer ação que contrariasse aqueles que estavam no poder era considerado heresia e deveria ser gravemente punido.
Então, diante disso, me assusta que cristãos, depois de verem o caos que fora a Igreja no domínio do poder, depois de presenciarem tantos avanços promovidos por um Estado laico, possam querer que suas regras sejam as regras gerais. Fato absurdo diante da fé cristã genuína. Pois, a Bíblia diz que Deus é amor, portanto o cristianismo praticado deveria ser justamente isso, atos de amor. E sinceramente, quando a igreja defende que milhares de mulheres continuem morrendo ao praticarem abortos clandestinos, sem assistência médica alguma, e ainda sentirem-se criminosas diante de um ordenamento jurídico completamente ultrapassado, não creio que isso seja um ato de amor. Todos nós conhecemos ou acompanhamos alguém que já tenha feito um aborto na vida, um processo marcado por sangue, lágrimas, baixa auto-estima, marcado pela dor, mulheres que se viram incapazes de levar em frente uma gravidez, muitas vezes por falta de condições financeiras, mas quase sempre pelo moralismo imposto pela sociedade. Muitas vezes, pais cristãos que são tão moralistas com seu código de conduta contra uma gravidez fora do casamento, é que levam suas filhas a opção de abortar por medo de serem julgadas por eles, é o moralismo que, no geral, cria o ato de abortar. Este código de ética pseudo-cristão não é um ato de amor! E muito menos querer que o Estado acompanhe tal comportamento é uma atitude que exalte a vida. Outra questão muito discutida pelos fundamentalistas/neopentecostais nestas eleições é a questão do homossexual. A questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo passa pelo reconhecimento do Estado quanto aquilo que já existia na prática. Dentro de uma união gay, se um dos dois morre, tudo que eles construíram juntos o outro não herdava, pois esta união não era reconhecida pelo Estado para efeitos de direito civil. O fato de lutarmos para o Estado descriminalizar o aborto e a legalização já feita do casamento homossexual não significa que haverá uma fábrica de gays e garotas na fila para fazer aborto. Meninos e meninas cristãs poderão continuar casando-se da maneira que quiserem dentro de suas igrejas, um de terno a outra de vestido branco, as famílias poderão continuar comemorando o nascimento de seus filhos e filhas na vigência do casamento heterossexual. A permissão de algo pela lei, não significa a imposição, quando aprovaram o divórcio como direito, não impuseram a ninguém a obrigação de se divorciar, assim como a legalização do aborto não condena ninguém a abortar ou a legalização do casamento homossexual não transforma ninguém em gay. Mas, à medida que o Estado avança em sua condição laica, que passa a cada dia mais ter a tolerância e o respeito às diferenças como centro de sua ação e debate, aí sim, passa a ser cada dia mais cristão, cristão no seu melhor sentido, cristão porque cumprirá então os ensinamentos de Cristo que nos ensina a tolerância e nos diz que devemos amar uns aos outros.
Por isso, para que o Estado brasileiro continue seguindo em frente, avançando em sua condição laica, continue tendo como prioridade máxima o respeito a vida humana de maneira integral, vote naquela que já provou respeitar o Estado laico e diversidade de pensamentos e crenças dos brasileiros e brasileiras, vote em quem ao invés de se preocupar em sustentar suas teses fundamentalistas, preocupou-se com a saúde do povo e trouxe médicos para os lugares mais improváveis. Vote nesta mulher de coração valente que tem enfrentado os problemas do Brasil de cara limpa e combatido a corrupção sem ter medo de nada. Vote em quem amo o Brasil e sua juventude, proporcionando oportunidades de emprego e profissionalização a jovens que antes não tinham perspectivas. Nesta eleição defenda propostas, discuta idéias, eleve o debate político ao lugar em que ele deve estar, apresente propostas que incrementem as políticas públicas para o Brasil. Abra mão do seu mimimi pseudo-cristão, abra seus olhos para o que Deus e aqueles que o servem verdadeiramente, na prática,, tem feito por esta Nação. Combatendo a fome, como Cristo nos ordenou. Respeite o Estado laico para que possamos exercer a nossa fé com liberdade, e sermos usamos pelo Espirito Santo de Deus, segundo a Sua vontade, para levarmos o evangelho do amor a frente. Não se engane com os falsos discursos. Não sejamos fariseus. Votemos em DILMA para presidente, para seguirmos em frente.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Presságio


Entre um imponderável e outro, constatava uma vida irreal. No intervalo, de um tempo inexorável e outro, estava uma rotina desleal. Enquanto isso, volta e meia, aparecia-lhe um presságio estanho, capaz de um confundir tamanho... num compasso surreal. Suas perguntas já não eram as mesmas, porque suas paixões de então haviam ido para algum lugar desconhecido. Observava a obviedade de seus ex-amores, manifestas na realidade ou na vida virtual, tudo lhe parecia normal... demasiadamente normal. Círculos viciosos, equívocos virtuosos. Não os julgava, nem a eles e nem a outros receptores de suas paixões de outrora. Apenas não havia em sua alma mobilização alguma em função destes. Uma sensação nova. Um intrigante sentimento. Não era vazio. Também tampouco era egoísmo. Seu espírito coletivo, seu ímpeto comunitário, constavam intactos em seu espírito. O que mudara talvez fosse a complexidade de seus interesses, a fruição do outro em sua alma já não era. Mas talvez voltasse a ser uma hora dessas... talvez de tão complexa, agora necessitaria ser simples, clara... calma.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Consciência


Seus vícios banais não eram nada comparados ao seu vício fundamental. A ideia de que os fatos deveriam ter sentido era fixa, pulsante, natural. A vida, por vezes lhe parecia um grande plano de conspiração, realizada por um maestro com humores variados e inconstantes. Estranho, estranha, ela se sentia... lembrava-se de uma infinidade de acontecimentos loucos em sua vida. Momentos que lhe encontraram de forma pretensiosa... disfarçados de acaso... Tantas coisas. Encaixes propositais. O pensamento de uma vida conspirada, por mais louco que fosse, era-lhe também um esquisito lugar de segurança. Intrigantemente, isso explicava tudo... fatos complexos... um segredo do segredo que por mais que outros soubessem, só ela sabia da maneira que sabia. Ah... um vício... ou talvez a exatidão de sua maior virtude. Talvez. Mas sentia-se tentada a contradizer-se... a pensar diferente... aceitar que tudo fora um grande delírio, que a sua manifestação de vida era apenas mais uma... um acidente material... por vezes desejava isso a partir de todas as suas energias... um sentimento de normalidade, uma convicção simplória, na qual não existissem nem complexidades racionais e quanto menos sensações metafísicas. Mas desistia, retornava para sua essência... fosse como fosse, vício ou virtude, não podia aceitar a ideia de que uma consciência tão inquieta, tivesse uma existência ínfima... fugaz. 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

ÃO...


Tem alguma coisa errada,
Está faltando razão.
Pois é estranho quando,
Para a minha geração,
As palavras de Rui,
Fazem menos sentido 
Do que as de Clarice Falcão.