sexta-feira, 14 de março de 2014

Hitler do Cotidiano


Conheci pessoas que tem ou tiveram sua liberdade muito restrita, através da prisão. E no diálogo percebi o quanto isso representava uma grande dor em suas vidas. E o quanto a liberdade de ir e vir é preciosa para o ser humano, e que ninguém deseja encontrar-se numa situação como esta. No entanto, todos os que estão objetivamente presos, terão finitas a sua prisão um dia. Seja em vida, seja na morte, um dia, sabem, que aquilo passará.
Contudo, conheci e conheço pessoas que tem suas almas aprisionadas em seus próprios egos absolutos. Gente que vive à merce das circunstâncias, com necessidade constante de auto-afirmação, incapazes de estabelecer vínculos ou de exercer generosidade, com mágoas profundas, com incapacidade de perdão. 
Conheço pessoas aprisionadas em suas próprias misérias, que restringem seu mundo a ambientes mesquinhos e jogam tudo de si na construção de coisas vãs. Conheço pessoas que acreditam no poder como forma de construção de sua identidade, que apostam que ao serem temidos serão melhores. 
Conheço pequenos "Hitleres do cotidiano". Pequenas autoridades ridículas e imbecís, destas que ao vê-las temos vontade de ser Charlie Chaplin. Pessoas que tem a certeza de que "os presos" são os outros. Mas se enganam.
Sim, os presos estão presos, mas cedo ou tarde, serão libertos. E ainda assim, mesmo no cárcere podem ter experiências libertadoras. Mas aqueles, mergulhados na mediocridade de seus egos absolutos podem nunca conhecer a liberdade de ser coletivo, de ser vínculo, de ser luz, de ser generosidade, de ser vida, de ser amor, de ser leveza, ser sorriso fácil, de ser paz... no fim das contas, tenho mais pena destes "Hitleres do cotidiano", que torturam e tem uma consciência estúpida de que são poderosos, mas aprisionam suas almas num inferno trancado por dentro, do que daqueles envoltos em grades de ferro.

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