quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sobre as coisas que eu não quero...


Ontem conversando com uma pessoa muito querida, sobre outra bem mais jovem que também tenho grande apego, a primeira falou: "nossa, está dando tudo certo pra ela, só está faltando encontrar alguém... o que logo logo acontecerá."Fiquei pensando nisso, e em como essas coisas são socialmente fortes.
Durante quase quatorze anos estive namorando ou me relacionando de forma mais ou menos séria com alguém. E faz oito meses que pela primeira vez na vida, que não, não tenho vivido nenhuma história romântica com ninguém. E estes meses foram tempos de profundas mudanças e reflexões na minha vida. Especialmente os últimos dois, quando passei a olhar para essa condição com olhos realmente felizes. O fato é que nunca me senti tão bem.
Vivi alguns romances e não estou negando a importância deles na minha vida, ao contrário. Passei por momentos maravilhosos ao lado de grandes homens com os quais eu me relacionei, e acho até que eles fazem parte da minha história e muitas coisas que sei, aprendi me relacionando. Contudo, ando descobrindo, concluindo, avaliando, que, ao contrário do que todo mundo diz, relacionar-se não é uma regra para estar bem, para estar alegre, para estar feliz.
Alguns dirão que esse minha fala serve apenas para um determinado momento da vida, que envelhecer sozinho é muito complicado. Até concordo. Mas a verdade é que a vida não é linear. Que não há uma obrigatoriedade em crescer, apaixonar-se, casar-se, procriar, envelhecer juntinho e morrer. A verdade é que há "mil e uma formas de preparar Neston", e que esses modelos sociais de comportamento só servem mesmo pra gente se frustrar quando não está no padrão, ou mesmo quando resolve estar nele a qualquer preço.
Outra verdade é que sempre que eu estive em um "relacionamento sério"e as coisas começavam a caminhar rumo as linearidades casadoiras, uma parte de mim achava lindo, ficava viajando no vestido de noiva e numa lua-de-mel em Paris, mas outra parte de mim queria sair correndo viver a vida loucamente, viajar pelo mundo com uma mochila nas costas, curtindo a minha solidão que volta e meia é a única companhia que eu quero.
Enfim, não estou dizendo que não posso e não vou viver outros romances daqui pra frente, não estou dizendo que não desejo me apaixonar de novo e talvez até me casar um dia. Contudo, não quero isso de qualquer maneira, a qualquer preço, cedendo às convenções sociais que faz infeliz a grande maioria da população. O fato é que acho uma grande porcaria as relações que estão estabelecidas em volta de um monte de hipocrisias e moralismos, que ou nos obrigam a oprimir alguém ou ser oprimidos pelo outro.
Considero doentio o fato de as pessoas olharem pra mim com quase trinta anos e me dizerem que meu relógio biológico está chegando perto do limite para ter filhos e que preciso me apressar, como se isso fizesse de mim uma pessoa infeliz. Acho simplesmente horrendo que a maior parte das mulheres tenha como central em suas vidas a questão do relacionamento romântico, enquanto o mundo é tão grande e há tantas maneiras de se realizar enquanto ser humano. 
O fato é que nunca me senti tão bem... tão completa a partir de meus próprios recursos. Em matéria profissional, política, física, espiritual, afetiva, sinto-me inteira como nunca. Cada vez menos picuinhas fazem parte da minha vida, e já não tenho paciência para os sensos comuns.
E no alto dos meus 28 anos, depois de muitas reflexões, paixões, romances, obrigações, histórias de sorrisos e choros, eu descobri o prazer e a importância da minha própria companhia, e eu posso até não saber exatamente o que eu quero, mas tenho a mais pura certeza do que eu não quero. 

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