sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Crônicas de Delegacia III: O Cárcere


Ela nunca tinha visto imagens tão chocantes. O barulho da batida das portas de ferro lhe era até familiar devido sua fixação por filmes policiais. Mas sentia algo diferente ao estar ali. As imagens de um lugar envolto a grades e cimento... um mundo paralelo em tom cinza e âmbar... onde, fosse qual fosse o foco dos seus olhos, não era possível encontrar harmonia. Um cenário deprimente. E os homens que viviam ali, pareciam fazer parte dele. Olhares sem esperança. Pessoas também em tons cinza e âmbar. Em uma das paredes, um vestígio de poesia para mostrar que a vida existia, apesar de parecer não estar ali... quase apagadas, as letras denunciavam resquícios de humanidade: "Viajo em um barco, a procura de um porto, cujo nome é a liberdade."
Panos sujos por todos os lados, insetos habitantes da sujeira, sujeira por toda parte. Roupas rasgadas, pés descalços. Um lugar absoluto em ausência de tudo o que é bom. A dor era a palavra de ordem... a dor que podia ser sentida de longe... um mundo paralelo, ou melhor, um submundo. Mas caso o cenário, os olhares, a miséria lhe tivessem deixado alguma dúvida quanto a que lugar era aquele... o cheiro da morte confirmava que o inferno era ali.

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