terça-feira, 30 de abril de 2013

Disputas Solitárias


Deve haver poucas coisas mais pobres do que uma disputa solitária. Normalmente, disputar significa você agir em contraponto com alguém. Competir por determinado objeto de desejo em face de outra ou outras pessoas, tão ou mais comprometidas que você. As disputas mais óbvias são as políticas, esportivas, profissionais.
No entanto, existem disputas solitárias... gente que compete por algo que não sabe direito o que é, com alguém que não está reciprocamente comprometido com a disputa. E esse comportamento é muito mais comum do que imaginamos. Pois refletem problemas emocionais de diversos tipos... e seus desdobramentos me parecem um tanto amargos. 
Gente que compete sozinha geralmente disputa um "objeto" indisputável. Isso ocorre com pessoas que disputam atenção, sentimentos, ou mesmo a posse de outras pessoas. Elementos não disponíveis para serem conquistados de maneira tão pobre ou ainda irreais. Já que a posse de um outro ser humano é absolutamente inviável, por mais que as pessoas ajam contrariamente a isso.
Gente que compete sozinha, na verdade, compete com seu próprio fracasso. Pessoas que estabelecem vínculos baseados em concorrências irreais procuram fundamentalmente preencher outras lacunas que fogem a questão presente. Por exemplo, alguém que necessita disputar o amor de uma pessoa com outra, não está disputando exatamente esse amor. Mas sim, depositando neste fato uma série de expectativas anteriormente frustradas em outras ocasiões da vida. Pois, quem sabe quem é e se sente amado, não disputa o amor de ninguém.
Gente que compete sozinha cai no ridículo ou na infantilização. É tipico das crianças competir para se autoafirmar diante de um mundo que estão conhecendo. Uma menina pequena que disputa com sua mãe o amor do pai, um menino que procura ser o melhor aluno para competir com as outras crianças pelo amor da professora, ou mesmo uma criança que compara seu brinquedos para se sentir superior... tudo isso soa absolutamente normal. Mas no adulto, cuja elaboração deveria ser muito mais complexa, torna-se ridículo.
E por último, gente que compete sozinha perde a oportunidade de amar e ser amado. Pois ao invés de estabelecer vínculos em bases construtivas, o faz de forma destrutiva. Uma pessoa que vive competindo sozinha estabelece um mecanismo infantil de sempre tentar parecer melhor. E ao invés de abrir os olhos para  admirar  o que está à sua volta e absorver o que há de bom nos outros, se compara. Neste ponto abre mão  de construir pontes e experimentar relações plenas de amor.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A mediocridade de pseudos líderes políticos


Faz algum tempo que milito na política partidária, o que me permitiu observar os mais diversos comportamentos desenvolvidos pelos seres humanos neste âmbito. Já convivi com pessoas de exímio  talento para atuar na área, outras com uma técnica apurada pelo tempo e esforços e com estes, aprendi muito. Contudo, venho observando um lado mais triste disso tudo. 
Como em toda área de atuação, na política há pessoas que não possuem a menor afinidade com o que se propõe a fazer. Ultimamente tenho observado alguns medíocres que por sua vontade de ter poder, tentam ascender à política e acabam por transformar este ambiente num cenário ainda mais precário do que já é. 
E a forma mais comum de equívocos que tenho observado se chama mediocridade. Minha formação marxista me ensinou que as relações sociais caminham num processo dialético cujos elementos são tese, antítese e síntese, que tendem, se houver energia aplicada nesta direção, à evolução. Este processo, se pensarmos que vivemos numa democracia e não em um momento cuja disputa do poder se dá literalmente nos campos de batalha, tem base nos diálogos e debates políticos. Contudo, o que venho observando é que alguns, devido a sua mente limitada, impedem justamente a ocorrência deste processo evolutivo.
Em alguns cenários políticos tenho visto gente desenvolver fobia para com debates e discussões. Pessoas com uma ausência tão grande de talento para a área (seja no âmbito do falar ou do calar e ouvir) que resolvem tacitamente proibir os debates para não enfrentarem possíveis opiniões divergentes. As motivações para este comportamento em minha opinião, são duas: a primeira já citada, a falta de talento ou apuração técnica para a área; a segunda e ainda mais grave, uma vaidade paupérrima e mal elaborada (o que logo leva o agente a queda, já que neste âmbito a vaidade é sim um dos elementos mais característicos, contudo, a vaidade pobre não é aceita).
Penso que o resultado disso é trágico. Quando um pseudo líder comete determinados atos de impedimento do debate, o resultado é a criação de uma cultura medíocre de "polianismo" reinante. Primeiro os não medíocres se afastam e depois, ficam neste determinado ambiente somente bajuladores do poder, que diante de qualquer ação do suposto líder, batem palmas e distribuem elogios. 
O bom é que a história prova que esses cenários não duram para sempre. E que isso forma panelas de pressão, pois falsos líderes ou líderes medíocres colecionam forças de resistência à sua mediocridade, e não demora... as verdades vem à tona.

domingo, 14 de abril de 2013

Reinventar


Meu blog anda muito abandonado. Escrevo raramente, quando alguma coisa muito especial me vem. Esse abandono não é por acaso. Sempre considerei escrever como algo importante pra mim, no qual sempre tive alguns alívios. Por muito tempo, vir aqui e postar um texto, um poema ou uma imagem foi algo fundamental para minha saúde mental. Em alguns períodos escrevi diariamente por que sentia que isso era um desabafo importante para minha alma... um descarregar de impurezas. Uma vez no papel, meus fantasmas se iam.
Hoje, cada dia tenho escrito menos sobre minhas dores e confusões. Também metaforizado menos, já que os poemas estão ausentes de mim. Aí a pergunta: será que isso é porque tenho tido menos dores, menos dúvidas, menos sentimentos confusos sobre a vida e como me posicionar diante dela? Acho que não.
Penso que é exatamente o contrário. Continuo tendo momentos de tensão imensa, de angústias, de dores, de dúvidas, de paixão, de intensidade. No entanto, acho que a forma com que venho sentindo e vivendo tudo isso foi se tornando mais complexa, e outras válvulas de escape surgiram. Válvulas, acredito eu, muitas vezes mais serenas do que muitos textos que já postei.
Houve também uma mudança na vontade de expor meus sentimentos a um público... cada dia mais meus textos passaram a ser longas conversas com as pessoas que amo, o que em muito alivia a maior parte de minhas angústias.
Contudo, não quero perder o hábito de discutir idéias, de levantar questionamentos, de registrar pensamentos. Por isso, acho que preciso reinventar meus temas, minha forma de escrever, guardando essas novas reivindicações da minha alma. Vou tentar.