quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ponte


Tive uma porção razoável de relacionamentos durante a vida. E com todos eles aprendi muitas coisas. Foi a partir dessas relações que aprendi a integrar minhas visões de mundo com as de outras pessoas de maneira profunda. Foi a partir da intimidade com essas pessoas que pude mergulhar no ato de conhecer o outro. E não nego, incorporei muitos elementos que não foram elaborações minhas à construção da minha identidade. Desde preferências musicais e culinárias até a elaboração de metáforas para explicar o inexplicável. Tudo isso foi aprendizado, beleza, poesia, profundidade que pessoas trouxeram à minha vida a partir de dores e delícias. Não tenho um arrependimento sequer. Foram relações complexas com os mais diversos desfechos,  alguns inclusive com a sensação estranha de não ter havido desfecho, encarregando o tempo de fazê-lo. Mas o fato é que apesar de tanto aprendizado, apesar de muitas vezes me sentir uma pós-doutora em relacionamentos e gente... me sinto despreparada. Sinto que me relacionar, construir uma ponte entre a minha alma e outra é sempre novo, surpreendente e amedrontador. Sempre parece ser a primeira vez. Parece porque é. Porque cada pessoa é uma e o que se constrói com ela é único. Não há receitas, não há linearidades a serem adotadas, regras a serem seguidas. Visitar e se misturar com a alma alheia é sempre um processo no escuro... e apesar de ser muito bom, causa medo. Medo do que se pode descobrir sobre o outro, mas principalmente, temor quanto ao que se pode descobrir sobre si mesmo. 

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