sexta-feira, 8 de junho de 2012

Desconforto

Faz um frio imenso em São Paulo e ainda chove uma garoa fina daquelas que fatalmente nos deixará gripados após qualquer exposição a ela. Clima de melancolia. E eu que já nem tenho tendência a isso, adivinha? Incorporei o espírito inverno paulistano, morando sozinha e trabalhando no feriado: melancolia na certa! 
Como se isso já não bastasse, fui hoje no meu horário de almoço atrás de um lugar que fosse capaz de imprimir uma foto. Como essa prática está em decadência devido as câmeras digitais e as redes sociais que admite que as pessoas tenham álbuns virtuais, eles só imprimem a partir de oito unidades, para poder ganhar um pouco mais. Meu primeiro pensamento cretino foi de imprimir oito vezes a mesma foto, a única que eu havia levado no arquivo. Mas aí lembrei que tinha uma porção de imagens legais armazenadas no meu e-mail, então escolhi algumas e imprimi oito fotografias diferentes. Ótimo. A partir disso, além da mais profunda melancolia, combinei com ela agora, um sentimento de saudosismo, e cá estou, repassando sem parar oito momentos diferentes da minha vida, com a imagem de amigos que não vejo pessoalmente faz um bom tempo, mas que amo, amo, amo. Fora o próprio ato saudosista e anacrônico de imprimir foto no nosso tempo. 
Então, para não ficar neste espírito, e não deixar este sentimento armazenado em mim, nada melhor do que escrever e espalhar isso para uma espécie de infinito chamado internet. 
Então, a partir disso, me veio uma observação, possivelmente já feita aqui muitas vezes: de como escrever é terapêutico. Registro poucos textos relacionados a momentos felizes. Mas toda vez que sinto algum incomodo, angústia, melancolia, solidão, desconforto ou dor, na mesma hora me coloco a escrever e publicar por aqui. Acho curioso como os sentimentos negativos mobilizam nossas ações, seja com ações simples como escrever, ou ainda guerras ou revoluções. 
A moral da história é que o desconforto é absolutamente fundamental para a evolução. Pois é diante dele que a mutação se constitui. É diante daquilo que não nos conforta que buscamos mudança. Um processo dialético, criando abstrata ou concretamente tese, antítese e síntese. 
O curioso disso não é a existência desse processo... o interessante é que ele não tem fim. Sempre que imagino qualquer coisa que tenha a ver com um paraíso, essa é a primeira ideia que me vem, um lugar de conforto absoluto. Onde não será mais preciso a evolução, por que já estaremos na mais absoluta plenitude. Bonito. Mas por enquanto, temos apenas intervalos de conforto. Ou lugares em que a alma se sente confortável em meio ao caos externo. As vezes fico cheia de energia para encarar as antíteses e construir sínteses... mas as vezes fico cansada... ou melancólica.  

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