sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

2012


Chegando o fim do ano temos a mania de querer fazer balanços quanto ao saldo do que vivemos nos últimos doze meses. Acho algo óbvio, mas sempre faço porque é um movimento realmente importante para entendermos melhor a nós mesmos. O meu ano teve saldo positivo em todos os sentidos. Tenho a impressão de que nada ficou parado dentro de mim. Mexi em gavetas fechadas que há muito eu não mexia, resolvi assuntos pendentes, cresci profissionalmente, estudei, perdi e ganhei eleições, fiz novos e  importantes amigos, mergulhei de forma plena em um relacionamento amoroso, no qual pude viver sensações jamais vividas e outras que há muito tempo eu não encontrava. Vivi tantas coisas apenas neste ano que tenho a sensação de que em 2012 vivi uma vida inteira. 
Todos os movimentos foram importantes, mas deles, os mais significativos tiveram a ver com a pessoas. Foi neste ano que conheci gente que vou levar para toda a vida... almas nas quais a minha alma se reconheceu. Ah, e como isso é maravilhoso. Como é bom sermos capazes de estabelecer vínculos. 
Também foi neste ano que iniciei um processo de auto-preservação... ao me afastar de algumas pessoas que já haviam virado piruá para comigo (piruá é o milho da pipoca que mesmo passando pelo fogo não vira pipoca). Relações que não evoluíram, que não seguiram em frente com o tempo. Várias relações... entre elas estão amigas cuja admiração foi subvertida em inveja, amigos que acabaram tornando-se vampiros de recursos internos... ex-amores com os quais havia alguma tentativa de sublimação para que nem tudo fosse perdido da profundidade do vínculo um dia estabelecido, mas que a prática provou não haver caminhos, e outros vínculos aparentemente obrigatórios que na vida real se mostraram artificiais, capazes de destilar doídos venenos. 
Enfim, seja no estabelecimento de novos vínculos, na manutenção de outros já existentes ou no afastamento daqueles que me faziam mal, esse foi um ano bom. Um ano de crescimento, amadurecimento, elaborações. Desejo que todos os anos daqui pra frente sigam assim, cheio de mudanças, desafios... que sejamos capazes de fazer escolhas cada vez mais conscientes. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A inveja

A inveja é mesmo um sentimento curioso. Tenho lido os escritos do rabino Nilton Bonder em "A Cabala da Inveja" e a partir disso tenho pensado várias coisas. Acho que é um sentimento que a maioria de nós subestima seu poder e inserção nas relações. A inveja é um desejo obscuro. Um sentimento bom desvirtuado. Nasce da admiração, do desejo de compartilhar, nasce da observação. Mas torna-se inveja somente no momento em que este sentimento bom é frustrado. Invejamos o outro quando o que ele tem, de certa maneira, nos agride. Faz com que nos sintamos menores. É quando depois de admirar, passamos a perceber que aquela qualidade de alguém, objeto, elemento esta distante de nossas mãos. E aí entra uma contradição... o que fazemos com um desejo que não pode ser realizado? Resta-nos então, destruir este objeto ou o dono dele. Um mecanismo primário do tipo... "se não pode ser meu, não será de ninguém."
Mas como já disse antes, a inveja é um sentimento obscuro. Ela nunca vem à tona. Pois quando vem, é admitida, deixa de ser inveja e volta para sua origem, admiração. Caso eu inveje alguém e diga isso, estou apenas confessando uma admiração. A inveja se fantasia... age como um mecanismo inconsciente. E faz com que seu próprio dono acredite em seus argumentos. Na reta final, quando o dono da inveja está na fase de destruir o objeto, seu ódio é verdadeiro, o seu maldizer é quase legítimo, pois ele acredita que aquilo ou aquela pessoa deve ser destruída. 
Subestimamos o poder da inveja em nosso mundo. A inveja é capaz de destruir coisas, estruturas, ou pessoas imensas. A inveja é base também para outros sentimentos... como o ciúme, que entende o outro como pose. É base para o desencorajamento de pais para com seus filhos. É a base para o início de muitas guerras. Age na subjetividade.
E o menos óbvio é que a inveja é capaz de transformar pessoas grandes em pequenas e pequenas em grandes por um momento. Um rei pode invejar seu súdito e competir com ele por um momento por causa da inveja... porque quando sentimos inveja perdemos a dimensão de nós mesmos. Por um momento, por maior que sejamos, diante da inveja, nos sentimos pequenos diante do outro, ainda que o outro no geral seja mais simplório que a gente. 
Como se livrar dela dentro de nós? Conhecendo a nós mesmos. Quando a inveja chegar, fazer com que ela volte a ser o sentimento original, admiração. Não deixar que ela aja em nosso inconsciente. Como evitar a inveja do outro sobre nós? Isso ainda não sei... vou continuar com as leituras.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Distância


Procuro crer que todas as pessoas possuem uma complexidade imensa que não pode ser medida pelos olhos alheios. Não somos capazes de calcular por onde passa a vivência alheia. Portanto, qualquer tentativa que se proponha a descrever alguém deve ser cuidadosa. Temos uma tendência, com relação as pessoas que convivemos há muito tempo, de achar que elas cabem num quadrado do nosso pensamento. Então criamos estereótipos. Esquecemos que ao avaliar o outro, fazemos isso com um olhar nosso, sempre viciado com o que sabemos e pensamos de nós mesmos. Quando penso em alguém, procuro sempre deixar lacunas, entender os limites do meu olhar, por mais intimidade que haja entre mim e a pessoa em questão. Procuro pensar que as generalizações são pobres e tem muito mais de mim do que do outro nelas. Enfim, quando acontece o contrário, quando tenho a impressão de que sou objeto de generalização, me incomodo profundamente. Por mais intimidade que alguém tenha comigo, nunca será capaz de avaliar tudo o que se passa dentro de mim e todos os elementos que me compõe ao longo das minhas vivências. Quando alguém tenta cristalizar minha imagem dentro de si, o único sentimento que tenho é a vontade de me afastar. Por um motivo... não quero que isso me contamine. Não quero que olhares estanques sobre mim me influenciem, principalmente os negativos. Até porque, há em mim uma capacidade de reinvenção constante. E acho que quando alguém nos coloca dentro de um quadro, essa pode ser uma forma muito sutil de dominação caso caiamos em tentação de aceitar a limitação que o outro nos traz. Pois o outro está cristalizado em algo e deseja, no fundo, que estejamos também. Não quero isso pra mim... e as vezes, o mais saudável a ser feito é manter distância. No começo pode incomodar, mas logo a vida segue.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Popularidade


Esses dias no facebook vi uma frase engraçada que me remeteu a certas reflexões. A frase dizia que ser popular no facebook é igual ser milionário no jogo banco imobiliário. Isto é, uma mentira. Aí fiquei pensando em como o mundo é mesmo cheio de artificialidades. 
Nunca fui milionária no banco imobiliário porque na infância eu jogava esse jogo com a minha irmã, que sempre ganhava de mim, e ela sim, ficava rica e eu acabava tendo que hipotecar minhas propriedades. 
Mas no facebook, realmente tenho mais de três mil contatos... e se fosse por isso, eu realmente poderia me considerar uma pessoa muito popular. Mas o fato é que não sou. Na realidade, em matéria de popularidade, sempre fiquei da média para baixo. Eu me lembro de ter tido dificuldades de adaptação nos primeiros anos da escola. Dialogava bem com professores, mas com os colegas, tinha só um amigo ou outro, mas nunca fui o centro das atenções. Nunca tive habilidades esplendidas. Comecei a conhecer mais gente, quando aos quatorze anos entrei para a política estudantil. No grêmio eu até era respeitada, mas nunca popular, porque na realidade, não havia muita gente que se interessava pela política estudantil. Na faculdade a mesma coisa. Tinha a minha galera, mas nunca fui de estar no centro das questões que todos realmente se interessavam (tipo atlética, jogos jurídicos). E a verdade é que minha personalidade nunca me permitiu vocação para isso. A política, minha paixão até hoje, não é bem um tema que garanta unanimidade. Nunca fui a feia da turma, mas também jamais fui ou sou a mais bonita... uma imagem o suficiente tragável para garantir a convivência e o respeito e não ser motivo de notoriedade, nem positiva, nem negativa.
Mas, feita essa narração da minha vida e meios sociais... fico pensando, se esse lance de ser o centro das atenções é real para alguém. Acho até que há momentos que estamos em alta, mas acho que em síntese, nunca alguém se sente realmente acompanhado, amado, querido por muitos e por muito tempo. No fundo acho que popularidade, riqueza, notoriedade ou qualquer destas coisas que dêem a impressão de que há seres humanos diferenciados é algo falso. E em qualquer ambiente da vida, não só no banco imobiliário ou no facebook. 
E não é de verdade pelo simples fato de isso tudo não ser importante. Explico. Não é importante porque tudo o que envolve multidões de afetos e admirações, não diz respeito ao que somos de verdade, mas a idealizações, a imagens que colam na gente e não são verdadeiras. O que importa mesmo são as relações próximas, o amor de verdade, o lugar de paz e aconchego nos braços de quem se ama... o amigo querido que se preocupa realmente com o que acontece nas nossas vidas... o pai que liga pra ver se você está comendo direito, aquela pessoa querida que faz uma prece por você. O resto nunca existiu e não existe de verdade.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Compreender


Compreender as pessoas não é fácil. Principalmente quando as atitudes delas nos envolvem. Sempre fiz uma leitura que manifestações "desafetuosas", cheias de críticas, nada mais são do que sentimentos que em algum momento da história foram positivos.  Carregamos estas questões ao longo da vida. Odiamos quem outrora amamos, temos raiva de quem um dia fomos apaixonados, falamos mal de pessoas que já tiveram a nossa mais profunda admiração. Nossos sentimentos negativos são resultados de expectativas quebradas. E a forma mais simples de superar um amor (seja de qual natureza for) não correspondido é desconstruir, descredibilizar o objeto amado. E dificilmente esse ciclo pode ser quebrado, por mais esforço que haja. O jeito é ter paciência, esperar que o tempo cure as dores, as raivas, os ódios e vá dando lugar para sentimentos leves que não causem mais danos, tanto para aqueles que um dia foram amados e não corresponderam da maneira que aquele que amava desejou... como também para aqueles que mais sofreram, amando e não sentindo reciprocidade da maneira que desejavam. E quanto aqueles que me amaram e eu não pude corresponder da forma que esperavam, independente de seus métodos, desejo que superem, pois ninguém merece viver assim. Que o tempo traga a mais profunda paz aos corações.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lugar


Num sopro de intensa melancolia,
Invadida por garoa e fumaça cinza,
Encontra-se uma alma insubmissa,
Que diante de uma cidade fria,
Mas através de uma sensação quente,
Dessas ambiciosas e latentes,
A única coisa que sente,
Surpreendentemente,
É que encontrou o seu lugar.

domingo, 30 de setembro de 2012

Fora dos Contornos


Fico pensando o quão triste é a história de muitos casais que se conhecem, se apaixonam na juventude, vivem um amor, se casam e um belo dia a relação esfria e quando vêem, parecem dois desconhecidos. Fico imaginando quantas relações são exatos retratos desta imagem... um dia desses, vi um filme no qual havia um diálogo em que uma das pessoas dizia que não importava o quanto uma mulher fosse linda, que o cara que transava com ela todos os dias, com certeza enjoaria... me pareceu algo muito triste. Mas acho isso muito real. E penso que realmente acontece todos dias. 
Contudo, não é por acaso. O que percebo é que as pessoas possuem posturas diferentes em diversas áreas da vida. No geral, no que diz respeito a carreira profissional, ao estudo, a maioria das pessoas tem um sentido evolutivo grande e aplicam toda a sua complexidade nestas questões. Elaboram planos de crescimento, caminhos através dos quais poderão ir mais longe, tentam fugir da linearidade imposta. Já na cama, nas suas vidas sexuais, isso não acontece. Mesmo pessoas complexas em outras áreas, muitas vezes são completamente medíocres na sexualidade. Seguem um esquema simplista que logo tende a se esgotar na rotina da vida.
Há muitos sites que falam sobre sexo em relacionamentos estáveis, que dão diversas dicas de como esquentar uma relação... penso que até são válidos. Mas no geral também são medíocres. Mulheres e homens deste mundo tem uma educação sexual extremamente limitada e distante uma da outra. Mulheres, quando aprendem alguma coisa sobre sexo antes de começarem a ter relações, é sob uma perspectiva cafona e precariamente romantizada e muitas vezes fortemente repressiva. Homens aprendem  o sexo a partir de filmes pornográficos, cujas relações são mecanizadas e falocêntricas. Ambos os aprendizados são equivocados... e pior, extremamente controversos. 
Enquanto essa educação (ou a falta dela) acontece, pessoas inteligentes, capazes de fazer diferente criam bloqueios muitas vezes a partir de crenças irracionais que carregam em suas vidas. E a sexualidade, o tabu universal, fica sem elaboração alguma. Ou então se reduzem a criar fantasias, personagens ou relações de absoluta submissão.
Penso que sexo é extensão de tudo o mais que somos na vida... se levamos uma vida cheia de sonhos, poesia, romance... isso pode e deve ser traduzido na cama. Também nossa capacidade técnica, objetiva, direta, pode estar lá... para que sejamos alegres sem motivo... para que quem nos veja andando na rua, saiba que amamos e somos amados. Vale é fugir de quaisquer tipos de contornos. E entender que cada relação é uma... perceber que sexo não é de um... que não há quem seja "bom de cama" sozinho... o que existe mesmo, são duas pessoas que descobrem sensações, prazeres, brincadeiras, velhos e novos desejos juntos. 
É importante que nunca, jamais, percamos o sentido de evolução e complexidade também no sexo, como sendo uma extensão daquilo que queremos para nós mesmos em todas as áreas da vida e aquilo que sonhamos para o mundo... mais cores, mais beleza, mais harmonia, mais densidade.
A sexualidade é um universo infinito, no qual sempre haverá o que descobrir. Que a nota média fique para os medíocres... que o politicamente correto seja para os que não vão além... e que as linhas retas, os esquemas prontos sejam daqueles que são incapazes de viver a liberdade... e isso não é pra mim... não é pra nós dois. Obrigada pelo fim de semana com as tintas fora dos contornos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pessoal e Político


Ao longo da minha militância já ouvi muito papo furado. Entre os diversos temas, um deles foi sobre a separação das disputas e ações pessoais e políticas. Pessoas casadas dizendo que tem lados ou opiniões diferentes e isso não afeta seus relacionamentos, melhores amigos divergindo e fingindo que tudo está bem, e alguns com a hipocrisia de afirmarem que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Discordo e penso que estas pessoas mentem. A maioria dos militantes que conheço respira política, come política com farinha, e o resto das coisas que fazem na vida é secundário. Não acredito que com tamanho envolvimento, seja possível fazer qualquer separação. Quanto mais eu observo, mas entendo que a política se faz a partir das relações humanas construídas nas suas diversas formas. Então pergunto, se é assim, como é possível haver separação? Não é possível! A julgar pelo que observo e pela minha vida. Os meus melhores companheiros na política, cedo ou tarde acabam por se tornar meus melhores amigos, porque é este o meio que eu escolhi para atuar e já que construir alianças implica em relações de profunda confiança. A política não é um mundo virtual no qual se pode sair ileso quanto as nossas subjetividades. Sentimentos, quase sempre são as principais pautas por trás de todas as pautas políticas. É na base dele que queremos ver transformação... uma das motivações primeiras das pessoas que fazem política. Também é de base sentimental e ralacional outro grande impulsionador da política, a vaidade. A vaidade só se faz por comparação, então, é preciso se relacionar com o outro para tal e é um sentimento e dos mais primitivos, observe-se Caim e Abel. A separação de questões pessoais e políticas pode ser feita para fins didáticos ou para compor discursos em homenagem ao politicamente correto... o que, diga-se de passagem, é insuportável, mas está bem na moda.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eu quero ser...


Quero ser sua viagem, seu delírio,
E quero ser também a parte mais fundamental 
Do seu diálogo trivial com a realidade.
Quero ser sua fantasia e a sua relativa verdade,
Quero ser seu melhor encontro, 
A sua mais pretensiosa vaidade.
Quero viver toda a sua humanidade 
Traduzida na inquietação do seu desejo.
E quero ser a mais sublime companhia da sua alma,
Ser seus beijos de alegria, ser a tradução da sua calma.
Quero ser a personificação do seu melhor ensejo,
Sua evolução, sua oportunidade.
Sua confusão, e as vezes até, seu medo.
Mas também... ser sua brincadeira eternizada... infinita,
Quero ser sua paz, seu descanso, sua brisa.
Quero ser a sua palavra mais sagrada e não dita.
E assim como você é na minha,
Eu quero ser, o amor da sua vida!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Veneno Feminino


O mundo feminino vigente é algo realmente muito engenhoso. Fico impressionada como a rivalidade acontece afiada e ao mesmo tempo sutil, quase invisível, principalmente para olhos masculinos. Com as redes sociais, que vieram para diminuir distâncias... novos tipos de provocação tem ganhado espaço. Diálogos ou monólogos feitos através de poemas, músicas, crônicas, fotografias e brincadeiras facebookianas estão em alta no universo feminino. Mas apesar de tudo isso ser retrato das neuroses triviais e milenares do universo referido, há uma parte muito positiva nisso tudo, as redes sociais criaram um metafórico campo de batalha que antes era feito na vida real, e volta e meia as armas eram poções de veneno. Fico feliz que o veneno destilado por aquelas que tentam ser minhas concorrentes seja metafórico.... caso contrário eu poderia não estar viva!!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sem Sentido...


Uma das coisas mais interessantes que tenho aprendido nas minhas aulas de inglês é que as palavras são vinculadas as sensações. Nossa memória é assim, precisa de significado para acentuar as coisas. Acho que há similaridades dessa lição aprendida em aula com outras coisas na vida. Fico vendo o horário eleitoral com um monte de candidatos a vereador falando coisas sem sentido em seus pouquíssimos segundos de televisão. E tudo parece muito sem significado, nada daquilo mexe com os meus sentidos, sensações, nada fixa mesmo. Isso porque sou da política e estou adaptada a linguagem, imagina pra quem não é? Acho que boa parte das pessoas que fazem política deveriam rever totalmente suas formas de se comunicar... tudo tão igual e com cara de discurso pronto, feito sem reflexão e realidade que fico impressionada com a inversão de valores. Política nada mais é do que realidade, envolve transformação, ampliação da qualidade de vida, envolve as dores e as delícias do dia-a-dia, o cotidiano das pessoas... boa parte dos candidatos parece não ter a menor noção disso. Fico pensando no filme Homens de Preto, e a única explicação possível é que a Terra está infestada de ET´s disfarçados, recém chegados dos seus planetas e inadaptados a vida na terra e todos resolveram ser candidatos a vereadores ao mesmo tempo.

Justo ou simplório?


"Bontche, o silencioso. Um homem simples levava uma vida sem maiores ambições, fazendo o seu trabalho de limpeza das ruas. Humilde e sem filhos, nunca se envolveu em disputas e, ao morrer, foi enterrado como indigente, nem sequer uma lápide lhe foi ofertada. Nos céus, porém, houve um enorme alvoroço quando da sua chegada. Nunca haviam recebido lá alma tão ilustre, e todos acorreram ao Tribunal Celeste para receber aquela figura tão pura.
O próprio Criador fez questão de oficiar o julgamento, enquanto o Promotor Celeste se contorcia de ódio pela causa que percebera perdida. Bontche foi trazido diante dos anjos, do Criador e do Promotor, que foi logo desistindo de fazer qualquer acusação. O Criador então tomou a palavra e, elogiando Bontche, lhe disse: "Tão maravilhoso foste em tua vida que tudo aqui nos céus é teu. Basta que peças e terás de tudo. Vamos, o que queres, alma pura?" Bontche olhou com desconfiança e, tirando o chapéu, disse: "Tudo?" "Tudo!", respondeu o Criador, ainda que ciente da ousadia de tal oferta. "Então... eu queria um café com leite e um pãozinho com manteiga." Quando disse isso, a decepção tomou conta dos céus. O Criador sentiu-se constrangido, e o Promotor não conteve a risada. Bontche não era um justo - era um simplório."
História de I.L.Peretz, no livro A Cabala do Dinheiro de Nilton Bonder.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ponte


Tive uma porção razoável de relacionamentos durante a vida. E com todos eles aprendi muitas coisas. Foi a partir dessas relações que aprendi a integrar minhas visões de mundo com as de outras pessoas de maneira profunda. Foi a partir da intimidade com essas pessoas que pude mergulhar no ato de conhecer o outro. E não nego, incorporei muitos elementos que não foram elaborações minhas à construção da minha identidade. Desde preferências musicais e culinárias até a elaboração de metáforas para explicar o inexplicável. Tudo isso foi aprendizado, beleza, poesia, profundidade que pessoas trouxeram à minha vida a partir de dores e delícias. Não tenho um arrependimento sequer. Foram relações complexas com os mais diversos desfechos,  alguns inclusive com a sensação estranha de não ter havido desfecho, encarregando o tempo de fazê-lo. Mas o fato é que apesar de tanto aprendizado, apesar de muitas vezes me sentir uma pós-doutora em relacionamentos e gente... me sinto despreparada. Sinto que me relacionar, construir uma ponte entre a minha alma e outra é sempre novo, surpreendente e amedrontador. Sempre parece ser a primeira vez. Parece porque é. Porque cada pessoa é uma e o que se constrói com ela é único. Não há receitas, não há linearidades a serem adotadas, regras a serem seguidas. Visitar e se misturar com a alma alheia é sempre um processo no escuro... e apesar de ser muito bom, causa medo. Medo do que se pode descobrir sobre o outro, mas principalmente, temor quanto ao que se pode descobrir sobre si mesmo. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ditadura da Felicidade


Há uma lógica da nossa geração de que a gente tem que estar o tempo todo feliz, bonito e limpinho. Quem não está feliz, é logo diagnosticado com depressão. Ou você está pleno... ou está completamente mal. Uma artificialidade sem tamanho. Nas redes sociais, todo mundo sempre expressando a felicidade... tenho a impressão que as pessoas fotografam momentos que nunca viveram... tipo, montam cenas, só para colocar no facebook. Treinam tanto parecer alegres, que ficam vazias de si mesmas e de suas complexidades, que necessariamente abrange momentos negativos.
Ando num momento de sentimentos acentuadamente oscilantes... porque a minha realidade de vida anda oscilante. Nada mais natural. Mas volta e meia, vem gente quase que tentando me obrigar a sorrir e a falar. Não conheço coisa mais irritante e pobre de espírito. Sou cíclica... e preciso de tempo para entender e digerir mudanças e circunstâncias complexas. E por isso, me asseguro tempos de recolhimento, de silêncio, de melancolia e até tristeza. Na verdade eu nem acredito em felicidade plena nessa vida.... acho que isso é uma ilusão idiota de gente incapaz de refletir. Quem nunca admite estar triste, nunca saberá ser  alegre nos momentos que a vida nos dá essa possibilidade... está sempre na superfície das coisas e não sabe o que é sentir de verdade. Abaixo a ditadura da felicidade.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Expectativas


De uns tempos pra cá venho sentindo tudo em uma dose maior. Moro numa cidade muito grande, mas sinto que meu mundo é menor por aqui. Enquanto numa cidade média minhas relações eram amplas e mais fluídas... em São Paulo são poucas e mais truncadas. Acho que isso interfere na minha maneira de sentir o mundo. Quanto mais intensas e diversas são as nossas relações menos expectativas colocamos nelas... pois as expectativas se diluem para muitos pontos. Enquanto, quando são poucas, se concentram. E essa concentração de expectativas atrapalham. Quando a gente espera muito daquilo que muito não pode nos dar é frustração na certa. E isso é horrível, principalmente no que diz respeito as pessoas, mas não só. O problema é que não há solução fácil para isso. Não se pode mudar esse sentimento de um dia para outro apenas porque se quer. Acho que temos uma quantidade X de expectativas a serem distribuídas para com tudo o que nos relacionamos... se nos relacionamos com poucas coisas e pessoas, fica muita expectativa depositada em pouco... possibilidade de frustração gigante. Se nos relacionamos com muitas coisas e pessoas, poucas expectativas depositada em cada elemento... possibilidade de frustração muito menor. Uma matemática quase simplista... E nessa conta, obviamente, acho que sou uma pessoa muito melhor num mundo maior. Quando amplio, meu olhar se concentra nas coisas maiores, e as pequenas coisas que me incomodam passam rápido e são superadas com facilidade. No método da matemática mais tradicional não há muito o que fazer para diminuir minhas expectativas e sentir as coisas de maneira mais branda... mas ainda bem que conheço métodos alternativos e eficazes.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Lugares Comuns




Há que se ter cuidados com relação as influências que os relacionamentos causam em nós. Da mesma maneira que nos relacionar afetivamente com as pessoas pode evidenciar o que há de melhor em nós, facilmente, pode ocorrer o contrário. No início da vida adulta temos firmado a maior parte de nossos valores, identidades, manias, etc. Contudo, passear pelo jardim da alma alheia pode ser um perigo, ainda que tenhamos muita firmeza de caráter. Sim, um perigo, principalmente porque não demora, na sociedade em que vivemos, surgem as sensações de posse. E aquilo que achamos que possuímos, passamos a ter um sentimento de que é extensão de nós. E que por um tempo pode ser ótimo. O sentimento de sermos um só com o outro é uma imagem aparentemente linda... já dizia a Bíblia... e ao se casarem “serão uma só carne”. Não discordo... sim, podemos ser uma só carne com o outro muitas vezes no campo objetivo e subjetivo, e principalmente, no que diz respeito as questões sexuais, cuja própria imagem que se cria, nos passa essa sensação. Mas, há dimensões mais complexas aí. E crer nessa de ser um só, pode ser uma grande roubada. Talvez a principal armadilha que faz dar errado a maior parte dos relacionamentos.
Ter a consciência de que a solidão não é um estado negativo... e que no fundo sempre seremos solitários, é um bom ponto de partida. Não como uma descrença no amor... mas justamente para crer nele de forma consequente e sem expectativas desleais. Pois, se sou um ser único, individual, incapaz de entender de forma plena as dimensões do outro... isso me faz ter um cuidado e um respeito maior. E entender o relacionamento e as portas que se abrem para a alma alheia como um privilégio, desconstruindo assim a dimensão da posse. Minhas vontades são minhas vontades, minhas capacidades, minhas capacidades, e o outro é o outro.
O caos acontece, quando caímos na armadilha de achar que nossas carências e demandas devem ser atendidas por alguém que não nós mesmos. A mulher espera seu príncipe encantado para lhe salvar dos perigos que o mundo oferece. O homem espera sua princesa, compreensiva, passiva como a representação da sua zona máxima de conforto. Caso fosse possível que ambos cumprissem esses papéis de maneira linear e perfeita, pode ser que houvesse um resultado positivo. No entanto, o ser humano é bem mais que isso... e mesmo que tente cumprir a risca com esse modelo... irá falhar.
Contudo, acho que temos que rever o modelo. Precisamos aprender a ser mais inteiros. Mais solitários... mais senhores de nós mesmos. Isso não implica em não amar. Isso implicar em basear as coisas mais exclusivamente no amor. O fato é que volta e meia perdemos o foco e fatalmente aguardamos uma atitude ou uma reação automática de outro ser humano em nosso favor... como se ele fosse uma máquina, um ser sem demandas próprias a nossa mercê.
Expectativas são difíceis de não serem nutridas. Lugares comuns são difíceis de serem evitados... por isso são “comuns”. Exige muita elaboração nadar contra a maré. De vez em quando não consigo evitar... e me envergonho quando isso acontece. 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Manuela


Eu a conheci num curso de formação da UJS em Itapicirica da Serra, onde, por acaso, dividimos um quarto coletivo com mais trocentas pessoas. Nesses cursos a gente ficava internado durante quase dez dias em um lugar longe de tudo e comendo uma comida mais ou menos. Longe de tudo mesmo, inclusive longe de lugares que vendessem chocolate. Então, juntamos uma turma de meninas viciadas em chocolate (naquela época eu era, pois ainda não tinha trabalhado com a produção de bombons, que me fez enjoar do bendito), e encomendamos leite condensado e chocolate em pó para fazer brigadeiro. Então descobri que pra gaúcho, brigadeiro se chama negrinho. 
Foi divertido... na turma ela já era o que podemos chamar de celebridade local... pois com vinte pouquíssimos anos, tinha sido eleita vereadora, em um partido cujas dificuldades estruturais e financeiras sempre foram imensas, e já como legisladora municipal, fez diferença, instituindo algo simples, chamado mandato itinerante, correndo os bairros e baseando seu mandato no diálogo com as pessoas. 
Ela era celebridade no nosso meio não só pelo mandato eletivo, coisa rara para a juventude. Mas também porque sempre teve algo de muito especial. Uma energia, uma alegria, um sorriso sincero que contagiava todo mundo... e uma serenidade que só existe em pessoas humildes e satisfeitas de serem quem são. Provavelmente, ela nem se lembra do "negrinho"que a turma de meninas comeu na panela apavoradamente. Mas eu nunca pude esquecer. Porque desde lá, mesmo depois que saí do PCdoB e me tornei Petista, acompanhei seus passos na política com a mais profunda admiração. 
Vibrei quando dois anos depois de ela se eleger vereadora, se tornou Deputada Federal. E não me esqueço da chamada dos últimos dias de campanha "Manuela rumo aos cem mil", porque precisava de mais ou menos isso para se eleger. E quase que por ironia feliz fez em torno de 300 mil. Meu coração vibrou.
Logo depois, em 2008 concorreu para a prefeitura de Porto Alegre, ficou em terceiro lugar. Me  entristeci... queria tê-la visto prefeita desde lá. Mas, ainda assim, ela poderia ter sido só uma onda passageira, como tantos outros jovens que se elegeram em determinado período histórico favorável e não foram capazes de permanecer por falta de preparo. Poderia em 2010 ter sido esquecida. Mas não foi. Novamente se elegeu, e desta vez, com mais de meio milhão de votos, sendo a mulher mais bem votada do Brasil para Deputada Federal, com apenas 28 anos. Senti orgulho. Não simplesmente porque um dia a conheci e me simpatizei... porque a eleição dela representa muito, representa a esperança... nos diz que é possível fazer política de um jeito diferente, dialogando com a sociedade, enchendo os corações das pessoas com coisas novas, novos ares. Quebrando a lógica de que é preciso ter muita experiência e estrutura para fazer o que precisa ser feito... mostrando que a coragem de sonhar e transformar a realidade pode fazer a diferença. 
Caso eu morasse em Porto Alegre, não votaria nela... por sou de outro partido que também tem candidato a prefeito em Porto Alegre... e ser fiel ao meu partido é fundamental para mim, porque estar num coletivo e construir com ele faz parte das minhas convicções e da minha identidade. Mas sei que se eu morasse em Poa, meu coração sangraria por ter que fazer essa opção, não por ele, o candidato do PT, que é alguém competente e também digno de ser prefeito da capital gaúcha, mas por ela. Porque o desejo do meu coração é livre, não pode ser negado e torcer eu posso... posso gostar de ver uma mulher jovem, de esquerda transformando o mundo dela num lugar melhor... torço por essa menina... e se pudesse estaria com ela. Força Manuela!!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gabriela


Não assisti a primeira versão de Gabriela e nem li o romance de Jorge Amado. Tudo que sei da série antiga devo ter visto no Vídeo Show. Portanto, esse lance que todo mundo fica fazendo de comparar uma coisa com a outra, não posso fazer, e nem quero... além de achar meio pedante. Gosto da única versão que estou tendo acesso... acho as imagens lindas, gosto das roupas e das reflexões dos personagens... talvez a primeira novela, protagonizada por Sônia Braga tenha sido melhor... contudo, detesto comparações de coisas incomparáveis... outros tempos, outra forma de ver o mundo e de interpretar uma obra. Pode ser ignorância minha, talvez a comparação seja justamente o mecanismo para ampliar nossos horizontes... mas nesse caso, minha ignorância é preciosa e implica na mais ampla felicidade... assistir novela e relaxar.
E confesso que tenho gostado especialmente das reflexões de Gabriela quanto ao fato de gostar. O turco com o qual ela tem um rolo resolveu que quer casar. E Gabriela na sua simples sabedoria sabe que naquela sociedade o casamento só serve para que ela se transforme em posse de Nassib. E toda vez que vem à tona esse assunto, Gabriela diz que gostar é simples e não tem nada a ver com casamento. Aí o homem apaixonado argumenta..." eu te darei o meu nome", Gabriela pergunta, "faço o que com seu nome, seu Nassib?"... ele responde algo mais ou menos assim "assina meu nome e será uma senhora de respeito na sociedade...", e Gabriela retruca " e para que serve ser uma senhora de respeito na sociedade?" ele fica sem resposta. 
Estou lendo o último livrinho de Rubem Alves que não lembro o nome, mas é alguma coisa relacionado a pimenta, e numa de suas crônicas ele fala sobre os gatos... que os gatos são seres inteiros e que não tem grandes carências de nada, por isso são tão auto-suficientes, sabem o que são... não tem vazios. E vendo Gabriela falar que gostar é simples e não tem nada a ver com as convenções sociais... tive a mesma impressão da personagem... um ser inteiro, sem vazio, que ama ser quem é.
Fiquei pensando que as vezes não ter nada é a mais plena liberdade... porque quem não tem nada, também não tem nada a perder e isso pode ser um estado de alegria. Não ter nada e não ficar buscando ser melhor, não ter em mente que a vida é um processo de acúmulo constante, deve ser bom, deve dar uma sensação de plenitude. Simplesmente ser. Quanto tiver fome comer, quando tiver curiosidade, olhar, quanto tiver desejo, transar... quando gostar, gostar. Sem complicações. Há quem possa dizer que isso é pobreza de espírito e animalização do ser humano. Há quem possa afirmar que isso é a máxima elevação de espírito que podemos chegar. Eu não sei.
Só sei que achei lindo: " Gostar é gostar... como a lua é a lua e as estrelas são as estrelas". E ela, é Gabriela.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dia do Amigo

Essa minha mudança para São Paulo fez com que se quebrassem várias ilusões que eu tinha a respeito de  mim. Sempre achei que eu fosse uma pessoal comunicativa.... descobri que não. Comunicar-se bem é diferente de ser comunicativo. Falo bem em público, no geral... me comunico bem com as pessoas em conversas... mas não sou comunicativa, expansiva... ao contrário, acho que sou bem autista, evito falar quando estou longe dos que amo e confio.
Em Maringá, eu parecia comunicativa, mas acho que tinha a ver com o fato de eu transitar por lugares e pessoas que me conheciam há muito tempo... então eu sempre estava a vontade para falar livremente. 
Uma outra ilusão era a de que tenho facilidade para fazer amigos. Uma mentira completa. Tenho dificuldades e preguiça de sair fazendo amizades. Em Maringá, morei durante 16 anos e obviamente, neste tempo fiz bons amigos... convivi profundamente com uma quantidade razoável de pessoas... isso me fez acreditar que eu tinha facilidade. Não é verdade... em três meses e meio em Sampa... meu círculo de pessoas é muito restrito... os mais frequentes são os meus dois companheiros diretos de trabalho, minha professora de inglês e a minha amiga Debora que morei com ela durante dois meses e tem sido muito preciosa para mim. 
Convivo diretamente com apenas quatro pessoas aqui em São Paulo. Claro que esporadicamente, me encontro com outras também, outras pessoas legais no trabalho, na igreja que vou de vez em quando, nos salões de beleza que frequento. Mas de forma constante, são só quatro. Isso se dá por timidez e preguiça. As vezes estou na acadêmia e alguém puxa conversa comigo, respondo com monossílabos para acabar logo com aquilo... tenho uma sensação, talvez equivocada, de que é meio deselegante tentar fazer amigos na academia. 
E também acontece que mantenho fortes vínculos com pessoas que não moram em São Paulo, que falo quase diariamente, as vezes durante horas ao telefone. Primeiro, o meu namorado que mora na Bahia e nos vemos de 15 em 15 dias, depois o meu pai, que a cada dois dias falamos por mais de duas horas ao telefone... depois tem o Emar e o Wil... e ainda, meus irmãos  e tantas outras pessoas que fazem parte da minha história que volta e meia me comunico ao telefone ou no facebook,  a Sara, a Rafa, a Kelly, a Paty,o Osafá, o Leo, a Miriam...
Não sou de fazer amizades facilmente, mas as que já fiz são bastante confortáveis e suficientes para mim. Inclusive, as vezes penso, que já fiz a imensa maioria dos amigos que vou ter a vida inteira... já que os verdadeiros são sempre poucos. E depois, mesmo que isso me incomodasse, esse lance de não ter facilidades para fazer amizade, não se muda uma característica dessas depois de adulto... a gente é o que é... e eu pelo visto sou meio anti-social mesmo. Sou involuntariamente seletiva para esse lance de amizade. Mas acho que por um lado isso é bom... não banaliza... me mostra como é valioso esse encontro de alma chamado amizade. 

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Quadrado


O amor é um fato,
Que uma vez consumado,
Pode até ter um sabor redondo,
Complexo, convexo ou côncavo,
Mas na hora que aperta,
Finge não haver nada de errado
Em ser quadrado, quadrado!!!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A nova face das novelas brasileiras


Gosto muito das novelas brasileiras. Gosto tanto que gosto até das ruins. Sempre que dá um tempo, dou uma olhadinha, e devido a prática, rapidamente me ambiento e pego amor aos personagens. Acho que as novelas refletem muito os sentimentos coletivos que estão vigentes em determinados momentos do país. Sei que muitas vezes também podem ser alienantes e imprimir ideologismos que na minha opinião não são bem vindos. Mas faço o filtro e me divirto.
Assisto novela porque acho relaxante. Não é como filme cult que a gente precisa pensar, que mexe profundamente com a gente e aí tem que ficar digerindo. As vezes não quero pensar, quero apenas vegetar em frente a TV e embarcar num universo lúdico, leve e diferente da minha realidade.
Mas o fato é que ultimamente venho me divertindo mais do que já me divirto assistindo as novelas. Penso que devido a reorganização social do Brasil, o povo passou a ter mais auto-estima, e percebeu que ser trabalhador, morar na periferia e cultivar valores que coloquem em primeiro plano as questões coletivas não é vergonha pra ninguém, e sim um orgulho imenso.
É por causa dessa nova auto-estima do brasileiro, essa identidade positiva quanto a ser povo que tem surgido uma nova roupagem para a dramaturgia no Brasil. Antes, nas famosas novelas ultra-românticas de Manoel Carlos, mostrar a vida do rico era o que dava ibope, as mocinhas eram sempre umas desocupadas, lindas e maravilhosas, ou tinham um emprego apenas para constar, verdadeiras dondocas... quem trabalhava de verdade eram apenas os homens, e os protagonistas sempre em profissões consideradas da elite. Essas eram as novelas que mais davam ibope... pobre não queria ver pobre... queria assistir e sonhar com a vida do rico.
Mas as novelas que estão passando agora, principalmente as das sete e das nove mostram como protagonistas trabalhadores e trabalhadoras. Na das sete, Cheias de Charme, as grandes mocinhas são três empregadas domésticas, lindas e talentosas, que sofrem na pele todos os dias a dureza de serem domésticas. Claro, que há muitas licenças poéticas aí... empregada que usa maquiagem da MAC não é assim algo real. Mas o fato é que as vilãs são as patroas que não respeitam as leis trabalhistas e só exploram as meninas. O principal ambiente em que a novela se passa é a periferia e tem até personagem que é artista grafiteiro e socialista... acho a novela um charme, e pelas notícias que leio quanto a aceitação, a Globo voltou a ter ibope, porque diferente de antes, agora o povo, com sua auto-estima alta quer ver é sua própria vida relatada na TV.
A novela das nove, também traz esse mesmo cenário... é uma novela mais séria e que envolve mais drama. Contudo o ambiente também é a periferia, e vários elementos da vida cotidiana do povão estão lá. Tem a periguete, vivida pela ótima atriz Issis Valverde, que no fundo é uma feminista orgânica e que afirma ser livre porque faz com seu corpo o que quer... tem os bailes funk´s... a família que era pobre do jogador de futebol que ficou rica, mas ao invés de se mudar para um bairro luxuoso, fez é uma mansão na periferia mesmo e continuou investindo na comunidade. Tem até ambiente de lixão sendo mostrado. E dona de salão é relatada como grande empresária. Os diálogos, as brigas, as paixões, tudo está diferente. Até crente anda sendo relatado com menos preconceito devido a expansão do pentecostalismo no Brasil.
Portanto, o que já era divertido, anda muito mais, e eu que adoro um romance de novela, chego a rir sozinha desta nova face relatada nas telinhas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Que seja sempre assim...


Que seja sempre assim,
Leve como hoje me parece,
Leve como um pensamento feliz,
Intenso como quando você aparece,
De um jeito sério ri,
Beija, enaltece, bebe e diz,
Que seja sempre assim... um amor que aquece,
Pulsante, fluente... doce, quente...
Um diálogo amigo... macio... latente.
Que lembre os amores antigos,
Daqueles com sabor de eternidade.
E que mesmo em meio a luxúria própria aos amantes,
Guarde também pureza e serenidade,
E que seja sempre novo...
E que o nosso desejo seja sempre assim,
E depois da intensidade mais sublime,
De quando eu estou em você e você está em mim....
Que ela possa acontecer de novo e de novo,
Num alcance sem fim.
E que essa nossa sensatez e senso de liberdade
Sempre existam...
Mas não nos façam esquecer,
Que por outro lado amor não é só pensamento,
E que nunca nos deixem apagar essa chama e perceber
Que além de ternura, amar é também loucura...
Fogo... para enlouquecer.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O casamento


Devido as minhas reflexões desde a pré-adolescência referente a relacionamentos, fui nutrindo uma certa aversão ao casamento e tudo o que fosse parecido com isso. Sinceramente, em toda a vida, vi poucos que pareciam dar certo. E alguns que aparentemente eram legais, depois descobri que não. No geral as pessoas são muito infelizes no relacionamento a dois. Vivem a castrar umas as outras, estabelecendo regras e limites artificiais que ser humano algum seria capaz de cumprir. E ao basear a convivência em tantas cobranças, criam também abismos, passando com o tempo, a serem dois desconhecidos vivendo debaixo do mesmo teto. 
E muita gente pensa como eu. Observa o caos geral que são os casamentos e tem críticas severas. Contudo, pessoas, mesmo as inteligentes, continuam se casando. E quando isso acontece... gente sem ilusão, que sabe que relacionamento e liberdade não são coisas fáceis de se combinar, mas mesmo assim topam essa parada... acho que tem algo de muito bonito nisso.
Além de ser bonito, penso que tem alguma coisa de revolucionário no ato de duas pessoas inteligentes que se casam. Porque buscam a reinvenção, a resignificação. Acreditam que mesmo em meio a condições improváveis, isso pode dar certo. 
Meu pai, depois de doze anos vivendo com a mesma pessoa, casou-se com ela no último sábado. Ele, um ser humano inteligente e solidário como poucos, ela, também muito acima da média... resolveram oficializar o que foi e é construído todos os dias. E ao ser perguntado porque queria se casar por um dos religiosos que fez o casamento, respondeu: "vou me casar porque não tenho mais motivo para isso... agora, quero apenas cuidar dela, e que ela cuide de mim..."
Todas as superficialidades foram superadas, as convenções sociais que poderiam envolver o casamento foram vencidas... não se casaram para fazer família, para ter filhos, para lustrar seus egos, para mostrar que são capazes de conquistar alguém, para realizar um sonho, para construir uma vida, para facilitar as coisas, para resolver uma questão moral, para serem felizes... porque isso já foi feito e felizes, eles já são individualmente, na medida do possível na vida adulta... não há motivo, não há expectativas desleais... porque não há motivo e nem explicação para o amor. E isso é lindo!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Atraso



É curioso como algumas pessoas chegam atrasadas. Sempre detestei atrasos, literalmente. Tive um namorado na adolescência que conseguia a façanha de se atrasar durante mais de duas horas para sairmos. Depois melhorei, tive outro que se atrasava de meia a uma hora. Sempre me irritei muito com isso. Parecia-me surreal marcar com alguém numa cidade do tamanho de Maringá e a pessoa conseguir se atrasar. Não há desculpas plausíveis... na época e nos horários marcados não havia trânsito denso na cidade. A impressão que me dava era que isso soava desrespeitoso. Mas com o tempo acabei sendo mais tolerante com essa de horários para preservar a mim mesma e não me irritar. E então desisti de fazer qualquer debate referente a atrasos, passei a criar outros mecanismos, pensar compromissos que não importassem o fato de estarmos sempre atrasados e comecei a me aprontar na última hora. Contudo isso era sempre uma agressão a minha natureza. Porque eu gostava mesmo era da pontualidade. 
No entanto, nos meus relacionamentos passados, nos dois primeiros, oficiais e longos, um mais e outro menos, respectivamente, o atraso literal era um problema. Um lance que incomodava. Que me causava um certo desconforto. Mas não fossem outras coisas, como por exemplo o transtorno bipolar de um mal diagnosticado na época e ausência de subjetividade de outro, eu dificilmente os teria deixado por causa de seus atrasos literais. Estaria até hoje, possivelmente perdendo uma ou duas horas em todos os meus finais de semana, super arrumada a espera de algum sem noção com crises de adolescência mal resolvidas. Mas ainda assim não seria grave.
Grave mesmo foram outros tipos de atrasos que pessoas conseguiram realizar na vida. Sempre procurei acreditar no amor, e apesar de ser jovem, penso que amei verdadeiramente algumas pessoas que passaram por aqui. Entre elas... amei uma de um jeito muito especial. Mas ele se atrasou, muito. Diferente dos outros, que se atrasavam todos os dias uma ou duas horas, este se atrasou anos da vida, tardou tanto, que falhou, perdeu o time, o bonde da história. Subestimou a vida e sua capacidade de se reinventar e proporcionar novas coisas na mesma intensidade. 
Este é um atraso que não posso tolerar... mas muito pior que isso. Este é um atraso que não desejo, não quero, não tenho motivação alguma para tolerar. Não é orgulho, não é birra. Não resta em meu coração nenhum batimento mais forte ao saber que o atraso findou-se. Apenas durou tanto, que há algum tempo deixou de fazer sentido. Todos os sonhos que um dia tive ao lado de quem nunca veio, já se foram, não existem mais. 
Tem até uma fábula do menino pobre e a princesa (acho que é alguma coisa assim): o menino apaixonou-se pela princesa e queria casar com ela, mas como ele era pobre as coisas não eram tão simples. Então ao se declarar pra ela, a princesa o propôs um trato... se o menino ficasse por 365 dias em sua janela, vivendo ao relento e comendo somente o que ela oferecesse, então ela se casaria com ele. O rapaz topou... ficou dia e noite a espera de sua amada. Passaram-se as várias estações, ele sentiu calor extremo e frio severo, tudo em nome do amor. Mas quando completaram-se 364 dias o rapaz se levantou e foi embora. Moral da história, o amor não era aquilo, não poderia ser unilateral e ele queria mais da vida... e já não havia mais sentido naquela espera.
É isso, os meus 364 dias já se foram há muito tempo, a princesa deixou de ter brilho e eu me fui de sua janela não é de hoje, e tanto esforço só valeu a pena porque é sempre um aprendizado e a gente cresce ao quebrar ilusões. Foi tanto atraso, que eu parti sozinha para um mundo que eu não queria seguir sem aquela companhia. Mas fui... e no caminho... ah no caminho... descobri que há coisas muito melhores do que os contos de fadas que ele me contava. Hoje a minha resposta é simplesmente não. O mais engraçado é que ele era literalmente pontual, nunca se atrasou para nenhum compromisso que marcamos. Só na vida.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Maringá


Somos resultado de muitos elementos que nos compõe. Pessoas, fé, momentos, trabalho, estudo que adquirimos, casa, objetos, roupas, sentimentos, histórias... tudo isso constitui aquilo que somos, possui uma parcela de contribuição à construção de nossa personalidade e identidade. 
Penso que quando nos afastamos de uma quantidade razoável destes elementos que nos descrevem, há muito mais dificuldade de enxergarmos a nós mesmos. Estou longe de quase tudo o que me representa concretamente. Longe de todas as pessoas que marcaram a minha história, longe da minha casa, dos meus objetos, da igreja que faço parte, e da parcela do Partido no qual tenho real inserção, da universidade que eu estudei e elaborei projetos e que vivi emoções indescritíveis, dos amigos e amigas de uma vida inteira. Nestes dois meses e meio de distância, muitas sensações já ecoaram dentro de mim. Já fui tomada por saudades imensuráveis, choros, solidão, crises de identidade... mas o fato é que aos poucos a gente vai se adaptando e percebendo que a nossa essência não está exatamente na concretude das coisas e pessoas. Está nelas sim... mas na parcela simbólica que fica mesmo dentro da gente, na memória, no coração. Não importa o quão distante estejamos daquilo ou daqueles que amamos, sempre estarão conosco. 
Contudo, visitar Maringá e estar perto de quase tudo o que faz sentido para a minha alma, foi maravilhoso, esplêndido, revigorante. Cada pessoa da família, cada amigo de longa ou de curta data, cada pessoa com a qual posso abrir a alma... cada cheiro da minha casa e da minha cidade, cada rua que possui uma história, cada lugar, cada sensação que representa nada mais do que a mim mesma. Como foi bom. 
Foi delicioso receber as notícias mais novas das pessoas (as que o facebook não nos conta) e saber que a vida segue em frente, e apesar da distância, percebi que assim como tudo isso faz parte de mim, faço parte de tudo aquilo que está lá, sou parte das pessoas também, da história delas e conforme elas caminham, levam consigo muito de mim. 
E como a vida não pára, aqui também começo a construir uma história. Novas pessoas passam a fazer parte da minha rotina... aos poucos os lugares vão acumulando significados e ganhando novos sentidos. E a casa que moro, devagar vai se tornando também o meu lar. Mas lá, em Maringá... nunca jamais deixará de ser minha doce Pasárgada. O meu recanto, a minha zona do máximo conforto. E quando eu estiver bem cansada, triste, desanimada é para lá que eu irei recarregar minhas energias. Encontrar-me comigo mesma, explorar o melhor de mim.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Minha gripe e meus pensamentos


Ficar doente deixa a gente cheio de reflexões que se diferenciam das triviais. Por que de certa maneira inverte as nossas prioridades e provoca uma desestabilização nas zonas de conforto que estamos acostumados (até porque, muitas vezes, doentes, isso acaba sendo literal pois não há posição confortável). Com a saúde em pleno vigor esquecemos de boa parte da nossa fragilidade e finitude. Aquela sensação falsa e conhecida de que somos eternos. A questão é que quando estamos com saúde e temos juventude, as desperdiçamos com bobagens, já que sentimos ter todo o tempo do mundo e energia para gastar. E não os jogamos fora somente em coisas egoístas e para o nosso próprio bem, com elementos fúteis. 
Em vários momentos, desperdiçamos energia preciosa e tempo em questões que nos incomodam muito, nos fazem mal e diminuem nossa auto-estima, acreditando que isso nos levará a algum lugar maravilhoso como prêmio de consolação por tanto sofrimento. O problema é que este pensamento é uma crença totalmente irracional. Primeiro porque ele é baseado numa moral cristã das mais pobres que existem: a cultura da culpa ou da troca (que na minha opinião não tem nada a ver com  a moral cristã verdadeira que é baseada na graça que pouca gente conseguiu entender até hoje). Segundo, que este lugar maravilhoso não existe necessariamente, é abstrato e a vida não é linear... resumindo, muitos sofrimentos e gastos de energias com coisas ruins podem não nos levar a lugar algum e não nos reservar nenhum pagamento. 
Estes gastos de tempo e energia podem ser com muitas coisas: pessoas, tarefas, culpas, passados, pensamentos, medos e por aí vai...  poderia fazer aqui uma lista infinita de cenas, objetos, situações ou seres que não merecem a atenção que temos dado. E que quanto mais insistirmos neles, mais seremos fortes candidatos a velhos cantando a musiquinha dos Titãs... "devia ter amado mais (...) e ter me preocupado menos com problemas pequenos..."
Minha gripe, só uma gripe, mas forte o bastante para me causar algum sofrimento e muitos pensamentos, me fez refletir sobre como volta e meia me equivoco em relação ao que dou prioridade na vida. Não quero ficar gripada nunca mais. Mas estas reflexões, podem ficar, são bem-vindas. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Desconforto

Faz um frio imenso em São Paulo e ainda chove uma garoa fina daquelas que fatalmente nos deixará gripados após qualquer exposição a ela. Clima de melancolia. E eu que já nem tenho tendência a isso, adivinha? Incorporei o espírito inverno paulistano, morando sozinha e trabalhando no feriado: melancolia na certa! 
Como se isso já não bastasse, fui hoje no meu horário de almoço atrás de um lugar que fosse capaz de imprimir uma foto. Como essa prática está em decadência devido as câmeras digitais e as redes sociais que admite que as pessoas tenham álbuns virtuais, eles só imprimem a partir de oito unidades, para poder ganhar um pouco mais. Meu primeiro pensamento cretino foi de imprimir oito vezes a mesma foto, a única que eu havia levado no arquivo. Mas aí lembrei que tinha uma porção de imagens legais armazenadas no meu e-mail, então escolhi algumas e imprimi oito fotografias diferentes. Ótimo. A partir disso, além da mais profunda melancolia, combinei com ela agora, um sentimento de saudosismo, e cá estou, repassando sem parar oito momentos diferentes da minha vida, com a imagem de amigos que não vejo pessoalmente faz um bom tempo, mas que amo, amo, amo. Fora o próprio ato saudosista e anacrônico de imprimir foto no nosso tempo. 
Então, para não ficar neste espírito, e não deixar este sentimento armazenado em mim, nada melhor do que escrever e espalhar isso para uma espécie de infinito chamado internet. 
Então, a partir disso, me veio uma observação, possivelmente já feita aqui muitas vezes: de como escrever é terapêutico. Registro poucos textos relacionados a momentos felizes. Mas toda vez que sinto algum incomodo, angústia, melancolia, solidão, desconforto ou dor, na mesma hora me coloco a escrever e publicar por aqui. Acho curioso como os sentimentos negativos mobilizam nossas ações, seja com ações simples como escrever, ou ainda guerras ou revoluções. 
A moral da história é que o desconforto é absolutamente fundamental para a evolução. Pois é diante dele que a mutação se constitui. É diante daquilo que não nos conforta que buscamos mudança. Um processo dialético, criando abstrata ou concretamente tese, antítese e síntese. 
O curioso disso não é a existência desse processo... o interessante é que ele não tem fim. Sempre que imagino qualquer coisa que tenha a ver com um paraíso, essa é a primeira ideia que me vem, um lugar de conforto absoluto. Onde não será mais preciso a evolução, por que já estaremos na mais absoluta plenitude. Bonito. Mas por enquanto, temos apenas intervalos de conforto. Ou lugares em que a alma se sente confortável em meio ao caos externo. As vezes fico cheia de energia para encarar as antíteses e construir sínteses... mas as vezes fico cansada... ou melancólica.  

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Dói, cansa e não é pra qualquer um...

Para variar a conclusão é que não é fácil ser gente grande. E a cada dia que passa, conforme os deslumbramentos da novidade de estar num lugar diferente vão passando... tudo fica mais difícil. Ter equilíbrio neste momento é o grande desafio. N questões nos deixam a beira da angústia e aos poucos vou aprendendo mais sobre mim. Como funciono a cada desafio, a cada obstáculo. Diante de uma realidade de vida tão dinâmica, minhas opiniões triviais sobre o mundo também tem sido dinâmicas. Meus planos mudam a cada dia, porque a realidade vai sendo construída muitas vezes de maneira que tudo pode mudar a cada movimento. As zonas de conforto são poucas, cada vez menos. Mas penso que no fundo, esta é a vida real... dinâmica, imprevisível, exigente, desafiadora. Um professor meu no ensino médio sempre dizia que estudar cansa, dói e não é pra qualquer um. Acho que o mesmo se aplica a política e a vida adulta... vai ver é por isso que tanta gente tem prorrogado a adolescência por tempo indeterminado... porque dói demais essa pressão de ser a gente por a gente mesmo. Vivo defendendo a autonomia e independência, principalmente das mulheres, que estão pouco acostumadas com isso historicamente... e realmente busco isso de forma genuína e com toda a energia que há em mim. Quero mesmo ser uma pessoa que não deposita a responsabilidade da própria vida em ninguém. Mas tem hora que fica difícil... dá vontade de chorar, pedir colo, ser criança. Haja recurso interno para trilhar o caminho. Mas ainda assim, com todas as dificuldades... eu não trocaria as dores da liberdade pelas delícias das zonas de conforto da submissão. Dói, cansa e não é pra qualquer um, ou uma... isso não é mesmo. Mas é o resultado deste caminho que eu quero pra mim. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Eu te amo


Gosto das manhãs inesperadas.
Mesmo com os descompassos e desajeitos,
Dispenso o excesso de palavras.
Fico com suas complexidades e beijos.
E que estes nomes gerundianos,
Não nos façam perder tanto tempo,
Com nossos erros tão clássicos,
Pequenos, vulgarmente humanos.
Pois cada segundo com você, um mundo.
Que só uma frase resume: Eu te amo.



Os homens mentem


Os homens mentem. E a propaganda engonosa corre solta por aí. Mas acho que não é culpa deles. O mundo é cheio de cobranças. E enquanto as mulheres reclamam e protestam contra a opressão, a violência doméstica, a submissão e falta de autonomia... os homens ficam por aí sem saber ao certo o que lhes cabe.
As mulheres fazem discurso de independência, mas no fundo, a grande maioria delas, deseja um super-homem na sua retaguarda. Querem um rapaz que as compreenda, não as queira submissas, que topem dividir os ônus da vida, e compartilhem as escolhas. Mas quando a coisa aperta, querem mesmo um "macho alfa" que as proteja, mate o dragão, guarde por elas um sentimento de veneração do auge do romantismo, e ao mesmo tempo desejo abosluto. E na hora de pagar a conta, ainda querem que fique por conta deles.
É cobrança demais. Não há ser humano que aguente tanta contradição. E mentir, acaba sendo uma saída confortável em meio a tanta pressão. Primeiro eles mentem que são super-homens. Na sequência mentem que são máquinas de fazer sexo. Depois mentem sobre seu perfil de macho alfa, fingem que só enxergam meia dúzia de cores e que detestam conversar sobre relacionamentos. Mentem para tudo ficar mais confortável. Mentem por pura insegurança em mundo que o papel masculino ficou confuso. Um universo em que as mulheres podem tudo e ainda os deixam sem fôlego por questões irracionais. 
Mas penso que esta confusão da identidade masculina é também fruto da confusão que anda o universo feminino. E que vai confundindo a cabeça dos homens porque não sabe o que quer. As mulheres reivindicam igualdade, equidade etc, mas não o querem de fato. Quando a coisa aperta todo mundo quer ser uma princesinha de conto de fadas e ser salva por seu príncipe. E uma coisa não é compatível com a outra.
Ou somos pessoas inteiras que arcam com ônus e bônus da independência ou escolhemos ser princesas destinadas ao "felizes para sempre", cumprindo um papel doméstico do equilíbrio do lar. Mulheres confusas de nosso tempo transformaram os homens em seres confusos, que não sabem como agir direito diante de nós. Por isso que é tão senso comum esta historinha que os homens não entendem as mulheres. É claro que não entendem, criamos uma geração bipolar, as vezes independente, autônoma e feminista, outras vezes frágil, bobinha, dependente e submissa. Resultado: para nos impressionar, eles mentem, tentam sustentar o que não são. 
Eu, ficcionada pela evolução da humanidade, faço um esforço imenso para destoar dessa minha geração bipolar e quase esquizofrênica. O problema é que a grande maioria dos homens já está confusa, e se assustam profundamente com mulheres que realmente querem apenas um parceiro e não um príncipe encantado. Acho que vai dar trabalho desconstruir essa lógica na cabeça de pelo menos um. Mas aceito o desafio.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que me interessa

Esse lance de ser um ser humano sensato que coloca em prática suas reflexões mais elevadas dá um trabalhão. Vivo sendo tentada pelos problemas pequenos à considerá-los pauta central da minha vida. Eles me cercam o tempo todo. E tem muitos nomes, começam com os medos, as ansiedades, os ciúmes, mas vão até questões quase palpáveis como cansaço, controle financeiro e neurose alheia ex-amorosa (própria ou alheia - ninguém merece) ou parental. Vivo com vontade de ter uma atitude dessas bem bestas. Esquecer do acordo que um dia fiz comigo de gastar tempo e energia com o que realmente importa. Volta e meia me sinto ofendida, lesada, enciumada, vitima de picuinhas, invejas ou chantagens emocionais. E aí, sentimentos que impulsionam atitudes como vingança, tirar satisfações, xingar, gritar, parar de  conversar, devolver na mesma moeda ou discutir a relação, me vem de maneira muito veemente. Mas como faz parte da minha vaidade ser melhor que isso, controlo, afasto, rejeito as provocações. Espero as bobagens passarem, deixo tudo dormir, lembro que a pequenez alheia não é problema meu (bloqueio no facebook) e sigo em frente, procurando me ocupar de tantas milhares de outras coisas que me interessam mais. Tenho uma fé num Deus no qual posso descansar, tenho um trabalho que amo, cheio de desafios difíceis, mas que me faz crescer todos os dias, tenho um namorado que mesmo morando a uns bons milhares de quilômetros, me faz um bem inexplicável, tenho um projeto de passar no mestrado e dar continuidade aos meus estudos, tenho bons amigos aqui e em outros lugares. Tenho sonhos que não param de chegar e carrego em mim ainda, apesar de estar tanto tempo vivendo a política por dentro, uma vontade maior que eu de transformar este mundo e melhorar a realidade das pessoas!! Portanto, diante do que me faz brilhar os olhos e palpitar o coração, cumprirei o acordo... serei das coisas grandes. O que não significa importar-se somente com a questões aparentemente grandes. Gosto de ouvir e ajudar a resolver dores pequenas, desde que não sejam pautadas por mesquinharias, vaidades ou ausência absoluta de auto-crítica... gosto de cuidar, amar no seus mais ricos detalhes, não acho que os grandes objetivos devam excluí-los, ao contrário, acho que  é deles que é feito o todo. Mas há pessoas neste mundo que não vêem o que a vida realmente é. Não respeitam a si mesmas, não reconhecem suas derrotas, desejam, mas não constroem suas vitórias... confundem amor com posse e usam imagens imbecis de desrespeito e auto-afirmação. Não, definitivamente não é isso que quero para mim... e encerro neste post toda atenção que darei a este conjunto de bobagens aqui relatados...  "porque amar e mudar as coisas, me interessa muito mais". 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sorriso sem graça


Para variar eu começo a postagem me justificando, pois já faz tempo que não passo por aqui. A vida anda dinâmica, e pra falar a verdade, volta e meia tenho idéias para post que acabo perdendo. Fico tempos pensando em um assunto e deixo passar... quando lembro, já perdeu o sentido escrever sobre aquilo. Pena, mas ando com pouco tempo, dias de semana e fins bastante comprometidos... e sempre há alguma demanda atrasada, seja pessoal, ou profissional/polítca. Acabo vindo aqui mesmo quando as coisas não andam cem por cento. Aí bate aquela vontade louca de por pra fora algo que não sei exatamente o que é. E conforme as palavras surgem, surge também a forma da tristeza, da dor, ou qualquer outra espécie de angústia. No geral tenho tido um estado de espírito alegre, satisfeito, sereno. Mas as vezes minhas melancolias imperam... então venho e escrevo. Escrever me faz bem e no geral cura minha angústia. Faz ir embora aquele "anjo triste de perto de mim". Espero que ao fim do texto, ele se vá e leve com ele esse meu "sorriso sem graça".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Adaptação


Faz quase um mês que um dos temas principais da minha vida é me adaptar a vida louca de morar em São Paulo. Acho que estou indo bem. Já sei pegar ônibus e metrôs para ir e voltar de casa ao trabalho e do trabalho pra casa. Também já sou cliente de um salão de beleza destes super movimentados que podem te oferecer todo tipo de informação, como médico, corretor, diarista, além das dicas de beleza mesmo, que é o que o estabelecimento se propõe. Já contratei uma pessoa para lavar minha roupa, porque querer que eu faça isso, já é demais. Estou a procura agora de uma academia que não seja muito cara mas que também não tenha aquele jeito super popular... que ofereça aulas de pilates e ioga, além da básica musculação e seja no meu caminho pra não pegar trânsito (um problema muitíssimo sério por aqui). Tenho tentado fazer amigos para não sobrecarregar minha amiga Debora com a qual eu moro junto... e tudo vai bem. Minha adaptação anda legal, já que a minha TPM passou e com ela qualquer resquício de depressão profunda com a qual o mundo parecia horrível. Parece que vou pegar gripe, e isso não é bom, será a primeira aqui em Sampa, longe do meu pai que nunca sabia o que fazer direito, mas sempre fazia alguma coisa e da Miriam minha querida secretária do lar em Maringá, que sempre sabia exatamente o que fazer a qualquer hora, mas confesso que ainda prefiro gripe a TPM, porque esse mês foi feia a coisa. Mas acho que além da adaptação estar indo bem, minha felicidade tem outros motivos. Afinal, nada como amar e ser amada e ter passagem marcada pra Bahia!!!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um pouco mais suave...


Ontem fiquei me perguntando porque estive tanto tempo sem escrever no blog... no início eu achei que o motivo era o fato de eu ter me cansado, algo dentro de mim ter mudado, e o blog representar uma fase que estava passando. Mas acho que não. Este intervalo longo na verdade é devido as mudanças sim, mas não porque não tenha mais demandas internas para escrever... e sim porque eu não estava conseguindo fazer síntese, digerir este novo momento, então era melhor não dizer nada... então calei, fiquei mais de três semanas sem postar, pois qualquer texto que viesse não ia ser de verdade, seria para preencher espaço e fingir que nada estava acontecendo. Agora, que tudo está mais calmo, que a euforia e a empolgação do primeiro momento estão se assentando, começo a sentir de novo minha alma aqui dentro se movimentando. Acho que estou bem, mas longe de 100%. Novas relações de amizade começam a surgir, atividades diferentes, meu tempo vai sendo preenchido e o trabalho vai ficando cada vez melhor, mas esta solidão, inerente a todas as pessoas com um mínimo de reflexão sobre si mesmas e com algum grau de elaboração subjetiva, em mim está em altos graus.   Sei que é um momento, que com o tempo tudo se ajeita, e logo eu sentirei solidão somente nas doses amenas inevitáveis, ainda que esteja acompanhada das melhores pessoas... mas o fato é exatamente esse, que a minha melancolia é crônica, todo mundo que me conhece sabe... mas queria tudo isso de um jeito um pouco mais suave. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O que eu queria mesmo...!


Essa de mudar de cidade é algo que deixa a gente muito empolgado... e não nego, tem sido uma experiência ótima. Tenho vivido coisas novas e isso me atrai muito. Sinto-me desafiada, pela vida, pelo trabalho, pela grande cidade. Não há muito do que reclamar. Fui bem recebida por uma amiga aqui e estou bem alojada e aguardando os próximos capítulos da novela moradia (o que precisaria de um outro post pra explicar). Mas tem uma coisa que está pegando. No Paraná, as relações sociais eram muitas e diversas, tanto em Maringá como em Curitiba, era difícil ter um tempo de solidão. Tanto era, que as vezes eu me trancava na minha caverna e tinha que rejeitar altos convites para sair. Aqui a coisa é bem outra. Tudo começa praticamente do zero, não tenho muitos amigos da JPT, não tenho a turma da Universidade e nem do laboratório de pesquisa, não tenho amigos de 10, 15 anos que conhecem a minha história, não tenho igreja, não tenho terapia, não tenho família... parece trágico!! Mas estou bem... juro. O problema é que de vez em quando a solidão bate e ontem bateu fundo. Fiquei morrendo de saudade de um monte de gente, de coisas pequenas, dos detalhes de uma vida inteira, da zona de absoluto conforto que eu tinha por lá. Agora aqui, estou experimentando pela primeira vez o que é ser um adulto, que tem que dar conta de sua própria vida... se eu não lavar a louça ela fica suja, se eu não levar minha roupa pra lavar, ela fica suja... se eu não economizar, fico sem dinheiro... parece óbvio, mas garanto que há um mês atrás tudo era mágico. A roupa, a casa, a louça, o quarto eram auto-limpantes, a conta bancária mágica, o tanque de combustível do carro também. Mas a vida muda! E ainda bem que muda... desafia a gente a crescer, a encarar novos cenários, a melhorar, a ir mais longe, que bom. Mas confesso, a saudade é grande e eu queria mesmo é juntar tudo num mundo só. Unir o trabalho desafiador, o bom salário, o acesso a cultura da metrópole, com aquele conforto da chácara no interior, aquela comida boa pronta na mesa,e principalmente com aqueles amigos e amigas tão amados, tão queridos de toda uma vida!!!

domingo, 25 de março de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

As melhores companhias


Sempre me contradigo. Disse que não ando muito animada para escrever, mas olha eu aqui de novo, registrando minhas impressões sobre a vida. Pra variar, estou em viagem... e como gosto desta vida de andar por este país. Desta vez viajei num momento estratégico, que eu realmente precisava estar fora de casa. Mas, agora pouco, desci do prédio que estou e sentei num banco ao ar livre... e ao observar a paisagem cinzenta de São Paulo, fiquei pensando na minha casa em Maringá. Todo mundo que já foi lá sabe que aquele é um dos lugares mais aconchegantes que existem... mas, sentada num banco, olhando a paisagem estranha e caótica de São Paulo, que será meu local de moradia  neste ano e talvez em muitos outros mais, me senti em casa, com o coração aconchegado, alegre e cheio de esperanças... aí percebi uma coisa que pode parecer boba, tipo frase feita em imagem cafona no facebook, mas percebi que meu lar está dentro de mim. E que não importa onde eu vá, tem uma força aqui dentro, uma luz, uma auto-estima, uma sensação de inteireza que ninguém me pode tirar. Vou sentir falta da minha casa, na grande fazenda iluminada chamada Maringá.... vou guardar para sempre imagens de felicidade das minhas referências e raízes... contudo, posso ir a qualquer lugar que eu queira ou precise, porque tenho dentro de mim as melhores companhias.

terça-feira, 20 de março de 2012

Jornadas, Pedras, Bares, Lembranças...

Sai de mim vida mal vivida, espelhos embaçados,
Velhos porta-retratos quebrados.
Não sou o passar a limpo de seu rascunho,
Não sou você. Não sou seu resumo,
Não assumo a extensão narcísica que tentas fazer em mim.
E também essa não é uma história de abandono,
Eu não sou aquela mulher perdida,
Odiada e amada dos seus pesadelos e sonhos.
Não assumirei papéis, terei minhas próprias obsessões,
Não trocarei contigo anéis. Serão outras as minhas ações.
Essa amarração histérica da relação, será em vão!
O melhor que você pode ter de mim neste momento,
Com esse agir horrendo, falando de morte onde tem vida,
É o que há de pior em mim.
Não permitirei essas projeções atrozes,
Estas expectativas desleais. Nós não somos iguais.
Nem eu com você, nem eu com ela,
Talvez sim, você e ela!!
E a minha história será outra história,
Diferente, e espero, mais bela.



segunda-feira, 19 de março de 2012

Discutir Relações


Ando meio desconfiada quanto a função deste blog na minha vida. Acho que tentar entender e discutir a vida paralelamente à vivê-la nem sempre é uma boa, ou melhor, quase sempre não é. Uma vez ouvi um psicanalista ser inquirido quanto a qual seria a melhor hora de um casal discutir sua relação... a resposta foi ótima: "Nunca! Relações não são para serem discutidas, e sim vividas." Acho a resposta genial. As vezes penso que este meu blog nada mais é do que uma forma constante de discutir a minha relação com a vida, ao invés de viver tudo que posso na sua simples e maravilhosa intensidade, fico aqui, fazendo metalinguagem pobre de espírito, encarando debates e mais debates, discussões e mais discussões com a vida e ainda de maneira pública, para no fim ver se alguém se identifica comigo e fica do meu lado na discussão desta relação. Acho que estou precisando resignificar meu blog, ou acabar com ele. Porque cada vez menos quero discutir relações... e cada vez mais, quero vivê-las.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fumar


Toda vez que rola alguma coisa importante na minha vida, tomo algumas atitudes de cuidar mais e melhor da minha saúde. E a ação mais simbólica de todas elas é parar de fumar. Já fiz isso algumas vezes, e de todos estes anos que fumo, quase um terço deles, fiquei sem fumar, porque quando paro, fico um tempão, seis, nove meses, até um ano já rolou, não deixando assim de ser uma política de redução de danos. Mas, em todas as vezes, quando a vida voltou a sua rotina, acabei retomando o vício. Parar de fumar exige uma série de medidas, um verdadeiro ritual que já estou bem adaptada. A primeira coisa é retomar as atividades físicas, voltar a correr no parque ou ir pra academia é fundamental para que o corpo consiga processar mais rápido a desintoxicação. Outra coisa é se preparar para comer melhor, mais legumes e frutas, mais coisas saudáveis, cortar refrigerantes e frituras também ajudam bem, porque a tendência mais natural de quem pára de fumar é compensar com a comida. Até rola, desde que tudo que você coma seja saudável, engordar um pouco nesta fase é inevitável. Confesso que cada vez que faço isso vai ficando mais difícil, quase não tenho coragem... mas vou. Hoje já fui na frutaria, comprei um monte de comidas saudáveis, estou pronta para ir correr e respirando fundo... já faz quase 20 horas que não fumo e estou com dor de cabeça e pra piorar um pouco, depois de amanhã entro em TPM... e essa vai ser brava. Mas vamos que vamos.

Vejam bem...


Vejam bem... as coisas não são apenas o que vocês podem enxergar,
Nunca chegará a hora em que o mundo irá parar...
O tempo não congela, a vida não exagera,
E guarda com ela uma estranha dialética de compensação.
Então não... não invertamos os valores,
Não se pode confundir obsessões com amores,
Há uma diferença quanto ao que está na mente e o que vem do coração.
Não, o passado não pode alcançar a realidade,
Já faz tanto tempo, que nem me lembro se um dia foi verdade...
Há tanto já mudaram os cenários, desamarram-se os laços.
E as cenas, os fatos, estão tão distantes e os pensamentos escassos,
Digam até logo, adeus, aceitem os fatos... respeitem o espaço,
Não há discussão, a minha resposta é não...
E não importa a opinião quanto lucidez ou loucura dos meus passos.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ato Consumado


A vida segue em meio a tudo.
Segue e não leva em conta,
Desconta... 
Passa por cima do faz de conta.
A vida no fundo gosta da verdade,
E ri à toa da mesquinha vaidade.
E tem o tempo como seu criado,
Que vai deixando pra trás os rodeios,
E os retratos mal tratados.
Espaços vão sendo preenchidos,
Vazios, ocupados.
E não há conversa que passe,
Não há choro amarrado,
Nem promessa boba que inverta
Um ato consumado.


terça-feira, 13 de março de 2012

Mudanças


A vida é mesmo muito dinâmica, pra dizer um eufemismo. Numa hora está tudo bem tranquilinho e a gente bem sereno, num grande sítio iluminado chamado Maringá, com concurso público eminente pra assumir, e pra dizer pouco, numa zona de conforto sem igual. Aí vem a vida, e inverte tudo... nos desafia a mudar a lógica e nos reinventar. E para completar, ainda avassala o coração, fazendo nascer paixões por todos os lados. Paixão por uma pessoa especial, paixão pela proposta nova de trabalho, paixão pela mudança, paixão pelas ironias da vida e sua não linearidade deliciosa... não quero e não posso negar que estou animada com tantas mudanças, com tanta efervescência proposta. Evito criar ilusões, procuro controlar qualquer tipo de deslumbramento... porque o novo não exclui lutas, dificuldades, barreiras a serem ultrapassadas, provavelmente algumas que nem consigo imaginar... mas seja lá o que for que vier, que venha. Eu quero mesmo é encarar o desafio.

terça-feira, 6 de março de 2012

Família


Quando eu era criança, cheia de coleguinhas no pré sempre rolava alguma confusão. Uma menininha da turma brigava com outra, aí, o grupinho se dividia em dois. E as meninas que não tinham nada a ver com a briga, todas se posicionavam, em favor de algum dos lados. Os grupos se tornavam rivais... e chegava um tempo que nem sabíamos mais porque estávamos brigando. Mas isso não importava, o principal era a disputa, aí fazíamos tudo para ver quem se destacava mais nas brincadeiras, quem era mais amada pela professora, e por aí vai. Essa coisa de se ofender com alguém por uma briga que não é nossa, na infância era bem divertido... e as vezes pode ser divertido até hoje em dia... já que a escola nada mais é do que metáfora da vida. Quando algum amigo é veementemente ofendido sentimos suas dores e ficamos no mínimo ressabiados com o ofensor. Na política isso também pode até rolar, de forma elaborada e em outras dimensões, é claro. No geral é preciso tomar posição e mesmo que a briga não seja nossa, defendemos um grupo, um projeto. Mas em casa, quando se tem pais separados e amados por nós na mesma dimensão, não há que se tomar posição. No meu caso a vida já ensinou faz tempo que em matéria de relacionamentos, não há vítimas e vilões. Quando as coisas chegam a um ponto que não deveriam, todos são culpados... porque em qualquer momento de um processo de ofensas, alguém poderia ter tomado uma atitude e apertado o botão desliga... e parado a confusão antes que isso tomasse dimensões insensatas. Por isso, a única coisa que tenho a dizer sobre estas infâncias mau resolvidas dos que aparentemente deveriam ser mais adultos que eu, é que vou seguir amando todos igualmente, mas não tenho nada a ver com isso. Incluam-me fora desta... fora mesmo.