quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

EU


Conversando com uma amiga minha mais velha, falando de relacionamentos... ela me disse que se arrependeu de ter casado cedo, tido filhos cedo e não ter investido de maneira contundente em uma carreira. O óbvio, quase todo mundo que fez isso, no mínimo tem ressalvas. Na verdade não conheço ninguém que tenha feito isso e não diga que teria feito diferente. Tanto homens quanto mulheres que não curtem sua juventude, que deixam de estudar, de ter uma carreira sólida, de construir individualmente aquilo que gostariam de ser, fazem um discurso (depois de 20 ou mais anos passados) de que não deveriam ter feito isso... ouço tais lamentações desde criança, tanto dentro de casa, como fora... e só vejo jovens apaixonados ou pastores evangélicos fazerem  algum tipo de defesa diferente, de que se pode construir tudo junto, ter filhos sem planejamento e ser feliz. Acho até possível ser feliz assim... desde que haja muita serenidade no coração, mas principalmente, que os mundos de ambos, nunca se amplie. 
A maior razão da maioria das separações é que as pessoas mudam ao longo dos anos. As pessoas casam-se super jovens, fazem planos, e seguem... mas de repente, acontece algo na vida só de um. Um dos cônjuges passa a ter acesso a outro tipo de experiência, destas que a gente deveria ter na adolescência e juventude, tipo... se sentir desejado, se sentir importante, desafiado... conhecer lugares fantásticos, pessoas apaixonantes, ouvir histórias que vão além, ler livros que trazem elementos nunca vistos, etc. E aí, no início eles tentam dividir isso, o que ampliou seu mundo tenta convidar o que ficou para vir junto, ver tudo o que está vendo. Mas sabe o que acontece, no geral? O outro não vai, se revolta, por que os seus planos tão preciosos tem que ser mudados, se sente injustiçado, com ciúme, com inveja... e começa a sabotar o mundo fantástico que o outro descobriu. O que acontece no fim... divórcio.
Desejo, desafios, experiências, viagens, auto-estima, conhecimento, estudo, carreira, são coisas que o ser humano se apaixona. E faz com que consigamos, depois de esgotar, de viver tudo isso, nos sentir mais completos para nos relacionarmos, desde que, seja recíproco, que ambos estejam prontos, tenham tido experiências parecidas. Aí, numa perspectiva mais madura, de ter vivido um Universo amplo, aí podemos pensar em ter um relacionamento que seja para ser duradouro, ter filhos... Sabe porquê? Porque aí, não teremos mais necessidade de auto-afirmação e o outro não será vítima de nossas carências e inseguranças... não procuraremos alguém para nos completar... teremos a plena noção de quem somos... de forma sólida, sedimentada... tanto profissional, espiritual, quanto afetivamente... e aí sim, seremos capazes de mergulhar num mundo lindo de afetividade,  de amor. Mas não antes. E viva  o século XXI, no qual as mulheres também podem fazer essa opção.
Pode ser diferente? Com certeza, acredito que a vida não é linear... cada caminho louco que volta e meia rola... mas para mim não... quero ser inteira, relativamente completa, independente, segura, para não jogar minhas expectativas em cima de ninguém... e consequentemente também não depositar minhas frustrações nas costas dos outros.

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