quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Poema sem nome II


Enquanto o que é vão tenta distrair minha alma,
As melodias me perturbam o coração,
E é nessa hora que o espelho insiste,
Refletindo o silêncio que não cala,
E revelando a recorrente solidão.

O amor semi-impossível bate a porta e resiste,
Mas não é apenas sonho com sua face definida,
E nem a suavidade dos namoros no portão...
Não é a realidade de se dividir uma vida,
E nem mesmo a concretude de um não.

E tudo que indefini está presente, o semi, o quase, o talvez,
Então resta apenas contar com o implacável tempo
Que ou sublima o impossivel, ou nos une de uma vez.

Este poema também é de autoria minha, do dia 12/03/2010. Também não tem título... eu o encontrei no meu e-mail e resolvi publicá-lo para deixar o registro no blog. Contudo, como quase tudo que coloco no blog é auto-biográfico, quero registrar que este poema não condiz em nada com o meu atual momento. Mas gosto dele.

Viagem


Acho que se juntar todos os quilômetros que percorri neste ano, seja de carro, a pé, de ônibus ou de avião daria para ir e voltar da China umas três vezes. Viajei neste ano porque este era o meu trabalho, minha prioridade em 2011 foi fazer política, por isso tive que percorrer o estado e também muitas agendas em outros estados brasileiros. Foi bom, não me arrependo... conheci lugares e pessoas que marcaram a minha vida, e me ensinaram muitas coisas. Um ano difícil, corrido, sob pressão, afetivamente confuso, mas bom. Contudo, fiquei meio traumatizada de viajar, seja para o trabalho, seja para ver alguém especial, passar horas e horas em rodoviárias, aeroportos ou no volante é algo que quero diminuir um pouco no ano que vem... detesto quando coisas boas são banalizadas... para mim viajar pelo Brasil e pelo Paraná ficou pesado, cansativo. Mas ao invés de ficar em casa, vou terminar este e começar o outro ano em viagem... na praia, sentindo o cheiro do mar...confesso que a idéia não me agradou muito no começo... mas acho que desta vez, comendo camarão e tomando Sol e cerveja, não vai ser pesado... vai ser leve leve.

Salão de Beleza


Fui pro salão de beleza refazer as luzes do meu cabelo... acho que ficou um máximo. Meu cabeleireiro é um artista. Gastei mais do que deveria é claro, porque paga-se pela arte, para além da tinta e do trabalho técnico. Acho que ir no salão é terapêutico... você já entra condicionada a pensar que vai sair linda e por causa disso, sai mesmo. Fora a conversa, nada mais divertido do que um cabeleireiro gay, com um humor ácido. Que entende tudo de horóscopo e quer saber todos os detalhes de seus últimos relacionamentos.  E gosto principalmente porque é leve... em conversa de salão vale tudo, desde que seja sem compromisso, fácil, senso comum... a vida é tão dura, mas tem alguns lugares reservados para a futilidade, são válvulas de escape coletivas e ótimas. É acho que fiquei realmente mais bonita com este cabelo. Adorooo.

Poema sem nome


Eu quase sempre me divido 
Entre ter meia alma e ter uma alma e meia
Eu me confundo em entender o profundo 
E desejar o vazio...
E me despeço de mim, com pesar, 
Ao ver meu retrato num livro cujo tema é a liberdade,
E vou possuindo menos aquela sensação juvenil de tudo poder
E acho que por isso vou podendo menos
E tantas contradições quase sempre congelam minhas ações
Que antes vinham como um desprendimento 
Cheio de segurança e autoridade
Então, as minhas sublimações vão ficando mais ricas 
Porque as ações ficaram mais pobres
E vou tendo assim a impressão de que não há escolha sobre quem ser
E que sou apenas o que se pode ser,
Sendo quem sou...


Este poema é meu, de 2009... não sei se já o publiquei por aqui no blog, mas vale a pena... momento deprê háa mais de dois anos atrás... e até hoje ele não tem um título.

Morre lentamente


"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem 
não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu 
amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma 
em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não 
muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem 
não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. Morre 
lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os 
pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as 
que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços 
e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, 
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se 
permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre 
lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva 
incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe 
indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando 
sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de 
respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio 
esplêndido de felicidade."
Pablo Neruda

Equilíbrio


Por Henriqueta Lisboa 


Estar não estando
no riso e no pranto.
Posso ir sem domínio dentro do possível.
Ser de si o oposto
sem deixar de ser
imóvel movente
que só por angústia
de tempo resvala
para achar o fluxo
do plectro em refluxo.
Pendente da sorte
do imã da força
dos próprios recuos, o pêndulo pende
mediante a tangência
de eflúvios
que estuam
adversos
à inércia.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Post anterior revogado

Meu último post deprê está revogado. Já me sinto bem melhor... nada como um pouco de ampliação do universo e exercício físico para produzir endorfina.  Planos para o ano novo fechados... (Kelly, amanhã te ligo para combinarmos direitinho, tenho uma contraproposta), e um convite bem mais que razoável para o carnaval. Sinto-me bem, leve como gosto de estar e como sou quase sempre. Adoro me reconhecer nos meus humores sejam eles ácidos ou suaves... o mais importante é me enxergar neles. Sinto-me eu mesma como poucas vezes me senti... 

Hoje eu quero sair só...


A palavra é melancolia... tento distrair a alma, mas me sinto triste, sem coragem, sem muita vontade. O coração machucado, um  choro contido. Este foi meu dia, uma tristeza pequena, mas profunda e instalada, uma agulha fina fincada em mim. Sempre que paro, olho pro nada porque olho pra dentro... sinto uma dor. Uma melancolia quanto a um ano que se vai e com ele vai muito de mim... vão pessoas que eu amei, que amo e que por algum motivo já não fazem mais parte da minha vida e nem eu da delas. Que loucura isso... tem tanta coisa dentro de mim, tanto sentimento mal resolvido, tem tanta contradição... Eu só quero que o tempo passe, que venham novos tempos. Que haja novas motivações em minha vida... a gente vai buscando, catando os pedaços da gente no chão, se observando, se entendendo melhor, percebendo melhor quem a gente é... o que realmente queremos. Agora, neste momento eu quero apenas sair só e escrever, liberando as toxinas da minha alma, até tudo voltar a ser colorido.

EU


Conversando com uma amiga minha mais velha, falando de relacionamentos... ela me disse que se arrependeu de ter casado cedo, tido filhos cedo e não ter investido de maneira contundente em uma carreira. O óbvio, quase todo mundo que fez isso, no mínimo tem ressalvas. Na verdade não conheço ninguém que tenha feito isso e não diga que teria feito diferente. Tanto homens quanto mulheres que não curtem sua juventude, que deixam de estudar, de ter uma carreira sólida, de construir individualmente aquilo que gostariam de ser, fazem um discurso (depois de 20 ou mais anos passados) de que não deveriam ter feito isso... ouço tais lamentações desde criança, tanto dentro de casa, como fora... e só vejo jovens apaixonados ou pastores evangélicos fazerem  algum tipo de defesa diferente, de que se pode construir tudo junto, ter filhos sem planejamento e ser feliz. Acho até possível ser feliz assim... desde que haja muita serenidade no coração, mas principalmente, que os mundos de ambos, nunca se amplie. 
A maior razão da maioria das separações é que as pessoas mudam ao longo dos anos. As pessoas casam-se super jovens, fazem planos, e seguem... mas de repente, acontece algo na vida só de um. Um dos cônjuges passa a ter acesso a outro tipo de experiência, destas que a gente deveria ter na adolescência e juventude, tipo... se sentir desejado, se sentir importante, desafiado... conhecer lugares fantásticos, pessoas apaixonantes, ouvir histórias que vão além, ler livros que trazem elementos nunca vistos, etc. E aí, no início eles tentam dividir isso, o que ampliou seu mundo tenta convidar o que ficou para vir junto, ver tudo o que está vendo. Mas sabe o que acontece, no geral? O outro não vai, se revolta, por que os seus planos tão preciosos tem que ser mudados, se sente injustiçado, com ciúme, com inveja... e começa a sabotar o mundo fantástico que o outro descobriu. O que acontece no fim... divórcio.
Desejo, desafios, experiências, viagens, auto-estima, conhecimento, estudo, carreira, são coisas que o ser humano se apaixona. E faz com que consigamos, depois de esgotar, de viver tudo isso, nos sentir mais completos para nos relacionarmos, desde que, seja recíproco, que ambos estejam prontos, tenham tido experiências parecidas. Aí, numa perspectiva mais madura, de ter vivido um Universo amplo, aí podemos pensar em ter um relacionamento que seja para ser duradouro, ter filhos... Sabe porquê? Porque aí, não teremos mais necessidade de auto-afirmação e o outro não será vítima de nossas carências e inseguranças... não procuraremos alguém para nos completar... teremos a plena noção de quem somos... de forma sólida, sedimentada... tanto profissional, espiritual, quanto afetivamente... e aí sim, seremos capazes de mergulhar num mundo lindo de afetividade,  de amor. Mas não antes. E viva  o século XXI, no qual as mulheres também podem fazer essa opção.
Pode ser diferente? Com certeza, acredito que a vida não é linear... cada caminho louco que volta e meia rola... mas para mim não... quero ser inteira, relativamente completa, independente, segura, para não jogar minhas expectativas em cima de ninguém... e consequentemente também não depositar minhas frustrações nas costas dos outros.

Lentidão


Acho que tenho um tempo de maturação das coisas bem específico... quando fazia Direito, volta e meia, em algumas matérias, eu demorava mais do que o resto da turma para entender algumas coisas, algumas matérias, me sentia com auto-estima super baixa por isso... mas sobrevivi, me formei em cinco anos como quase todo o resto, e tenho meu diploma. Sou assim, meio lenta em um monte de coisas, demoro e demoro e se alguém tentar me apressar, desrespeitar os meus tempos, corro, fujo desta convivência. Demorei um tempão para tirar carteira de motorista, reprovei cinco vezes no teste prático, foi terrível, mas hoje tenho carteira, como quase todo mundo, quase todas as minhas amigas da minha idade estão casadas  e com filhos o que é absolutamente normal aos vinte e seis e vinte sete anos e eu me sinto super despreparada para isso... não me imagino nesta situação e no fundo tenho uma certa dó de quem está (com algumas exceções). 
Demoro meses para entender o que acontece comigo emocionalmente falando, precisei de anos de psicanálise para compreender o básico, aquele lance das relações com pai e mãe, primeira infância e tudo o mais... e tenho uma real dificuldade para abrir mão das minhas relações... fico amiga dos meus ex-namorados para poder continuar convivendo com eles e entender direito o que aconteceu, e nunca entendo como tanto eu como eles podemos ser ótimos amigos e como namorados era o caos. Também tenho um tempo específico para demonstrar carinho, afeto. Sou capaz de demonstrações de amor imensas, desde que partam de mim, no meu tempo... minha amiga Kelly me liga toda semana, ela super investe na amizade, acho lindo isso, e ainda bem que ela faz, porque não sou de ligar, mas isso não significa que eu a amo menos, poderíamos ficar meses sem nos falar, que seríamos amigas do mesmo jeito, como é com a Sara, cuja personalidade é mais parecida com a minha, ficamos meses sem nos ver, sem nos falar, mas quando nos encontramos parece que foi ontem. 
Sou assim, lenta, despreocupada, não gosto de provar nada, gosto dos acontecimentos naturais... e quem sofre de ansiedade não pode conviver comigo. Acho até que isso é de família, tenho o sossego do meu pai... esqueço o inesquecível e dou mancadas homéricas devido a minha despreocupação... o ditado popular que mais gosto é "o que não tem remédio, remediado está".
Tenho muito mais sorte que juízo... as pessoas que convivem comigo e me amam de verdade sabem disso, e nem se preocupam mais, ainda bem... ainda bem, isso prova que no mundo cabe todo tipo de pesonalidade.

Sugestões


Ao estudar as estatísticas do meu blog descobri que mesmo sem o facebook para divulgar, continuo tendo uma quantidade razoável de acessos... metade do que tinha. O que só prova que a grande maioria dos meus 2100 amigos no facebook nem notaram a minha saída, nem eram meus amigos, e uma parcela deles não era ao menos de conhecidos... por causa da militância antes no PCdoB e hoje no PT (que a gente acaba conhecendo muita gente e não lembra direito) eu havia adotado a política de aceitar todas as pessoas que me adicionassem desde que tivéssemos amigos em comum... não foi uma boa política, muita gente sem noção e desconhecida pedia para ser amigo só para aumentar sua lista e parecer mais popular no face (que coisa horrorosa). Mas ok, o fato é que o blog continua e eu estou adorando ficar por aqui, teve gente que foi pro google e digitou meu nome para achar nosso endereço... fiquei super orgulhosa!!! Mas a verdade é que existe vida após o face, e gostaria de compartilhar alguns blogs e sites que valem a pena serem visitados e que estão fazendo com que eu gaste meu tempo de maneira mais útil e inteligente:

http://luizfelipeponde.wordpress.com/
http://julianacunha.com/blog/
http://cozinhadonosense.blogspot.com/
http://tudopalhaco.blogspot.com/
http://www.ipimaringa.org.br/esperanca.php

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Facebook


Não sou uma pessoa tecnológica... quase zero toda prova de concurso na parte de informática. Meu celular só uso a parte de atender e ligar e quando raramente tenho crédito mando mensagens (principalmente quando bebo), tenho um computador que provavelmente se eu soubesse mexer nele direito ele faria uma lasanha para mim, mas como não sei, uso a internet e o word, ouço músicas porque um amigo generoso colocou pra mim, se não nem isso... e tenho um blog por que é muito fácil mexer nele e por causa da minha necessidade de escrever... e também por vaidade, acho. 
Diante disso, o fato de eu ter saído das redes sociais, é algo bem cabível, ainda estou me adaptando, mas já começo ver bons resultados, a começar porque estou escrevendo mais... depois porque comecei a estudar para o concurso de delegado da polícia civil do Paraná... coisa que o facebook estava atrapalhando, me tomando um tempo precioso de vida... também estou lendo mais, assistindo minhas séries e saindo mais.
Contudo a melhor coisa de sair do facebook não foi o fato de ter mais tempo para mim... foi na verdade me preservar de ver coisas que me machucam... porque ao estar na rede podendo acessar a vida de quem quer que seja volta e meia eu entrava na página de pessoas que já fizeram parte da minha vida e por motivos tristes acabaram por não fazer mais... e isso me fazia mal. Não sou uma pessoa disciplinada, com muito controle da minha curiosidade, então entrava, olhava os movimentos alheios de vidas que eu já fiz parte... e doía e doía. Então, aproveitando o fim triste e necessário de um namoro, saí. Saí para não ter que ver mais uma pessoa que amei e fez parte da minha  vida durante boa parte de 2011 organizando sua vida sem mim... redes sociais são uma forma de convivência, e podemos optar por não tê-las, caso elas nos incomodem ou machuquem. 
Uma vez um cara que gostava de mim saiu do face porque não queria mais me ver todos os dias e eu julguei super mal, achei cafona e infantil... mas a vida é dinâmica e cá estou fazendo algo bem parecido... cuspi pra cima e caiu na testa. Faz parte, a vida é dinâmica e com ela a gente aprende que não tem moral mesmo... vive se contradizendo e revendo o que diz. Tanto é verdade, que eu estou aqui falando mal do facebook, mas provavelmente, na hora que passar a minha dor, vou voltar, como se nada tivesse acontecido.

The Walking Dead


Adoro perder meu tempo com várias coisas, e em dezembro e janeiro sou profissional em vegetar na frente da TV assistindo séries americanas dos mais diversos tipos, comendo muito e curtindo um sedentarismo crônico, ao invés de dedicar essas preciosas horas ao estudo ou ao exercício físico, aproveitar o Sol, a praia, ou qualquer coisa de gente normal e sadia em tempos de verão... no ano passado, meu irmão (o maior responsável pelo meu vício) me apresentou uma série que acho assustadora... chama-se The Walking Dead, é de zumbis... uma doença que praticamente dizimou a humanidade transformando todos em zumbis, mortos-vivos, cuja única função da existência é alimentar-se dos seres humanos que restaram. A série é ótima, e está na segunda temporada, e eu que sou meio psicopata, assisti todos os sete episódios que já saíram em uma única noite, sozinha... bem medonho... mas muito legal, é difícil eu ter tensão por causa de filme ou série, mas confesso, deu medinho. O legal da série não é somente o tema dos mortos-vivos, o bom é como o autor constrói as relações. Mostra que se ainda lutássemos de forma rudimentar pela sobrevivência, nossos valores morais seriam outros. E as pessoas que seriam líderes também seriam outras (o que se formos pensar em Brasília, até que não seria uma má idéia)... somente aqueles aptos a luta, a sobrevivência, com vigor físico, inteligência objetiva, agilidade e por aí vai... fico pensando como era há mil anos atrás, quando nada do que temos hoje de tecnologia existia... a vida era assim, pela sobrevivência, os valores também eram outros... e a minha conclusão é que eu não gostaria de viver neste tempo. Mas recomendo a série... tem origem em quadrinhos e é sensacional...

Por Fernando Pessoa

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres. 

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo! 

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Tempo


Um Passado imenso,
O presente um labirinto,
O futuro indo.

Labirinto


A vida é labiríntica. Não óbvia. Adoro isso, mas é sempre dolorido. No geral estamos preparados para o linear, para aquilo que planejamos. E quase sempre, tudo sai dos trilhos. Vem um fato e nos joga para fora de nosso roteiro, as vezes de maneira violenta e avassaladora... tem momentos que não sobra nada da gente, ou muito pouco. 
Tudo o que queremos é nos sentirmos amados e termos condições de vida com qualidade. Por isso fazemos tudo o que fazemos, trabalhamos, estudamos, nos arrumamos, lutamos... porque queremos segurança. A segurança da subjetividade através do amor, do afeto, e a segurança objetiva, que no nosso mundo, é dinheiro. 
Aí  quando encontramos alguém, traçamos um plano, e a gente começa a dar passos em direção a ele... o problema é que a paixão cega, e qualquer noção de não linearidade da vida fica tímida. Quando estamos amando alguém tudo o que queremos é sermos comuns. Queremos ser apenas mais um dos milhões que se casam, tem filhos e vivem felizes para sempre (risos)... 
Contudo, não é isso que acontece... volta e meia a vida inverte tudo e nos dá uma bofetada... acaba que temos que passar por um processo doloroso, cujo centro da dor passa por abrir mão de sermos amados... por desacreditar nisso. O que é a maior violência de todas. Abrir mão do amor do outro que você acreditava ter... que te encorajava para a vida, que te fazia forte, como dói... e ainda ficar com o amor nosso pelo outro gritando dentro da gente... que coisa mais horrível que é isso.
Também é violência abrir mão de sonhos e projetos, cada detalhe da vida medíocre que a gente sonhou...  como é difícil abrir mão do nosso lugar comum... da zona de conforto que achávamos que havia. 
Nos resta encarar seguir em frente no labirinto da vida... numa condição realista de que somos, do ponto de vista humano, seres solitários na essência... buscando não ser. 


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Memória seletiva


Aos poucos os ânimos se acalmam... as brumas se dissipam diante dos olhos e tudo vai ficando melhor. Porque a vida é assim... a arte de seguir em frente. E cada dia que passa vamos ficando melhores nisso, em juntar os cacos e recolocá-los. Nunca voltamos a ser o que éramos depois de quebrar o coração, mas a idéia é está mesma, nos tornarmos mais fortes, ainda que doa muito. 
Estou lendo um livro legal, presente do meu pai...  o livro é de Ricardo Setti, mas é sobre suas conversas com Vargas Llosa, Nobel em literatura em 2010... o engraçado é como me senti uma fraude diante do livro, porque nunca havia lido nada de Vargas Llosa, mas me interessei, apesar de ele ser totalmente avesso ao marxismo, que confesso, ainda tenho inclinações. 
Tenho vontade de escrever literatura sabe.... acho que sou muito óbvia nas crônicas e nos poemas, indiscretamente auto-biográfica, gostaria de ter genialidade para me camuflar em minhas obras, para deixar minha imagem discreta, para distribuir minhas neuroses entre vários personagens. E por isso admiro quem o faz. Mas voltando ao Vargas Llosa, ao falar de sua obra e sobre o fato de só ter escrito sobre seu país quando estava distante disse: "A distância purifica essa coisa tão complicada que é a realidade - a realidade imediata é uma imensa vertigem que ao mesmo tempo produz exaltação e paralisia". Acho que isso serve para a vida... a realidade é difícil, produz um turbilhão dentro da gente que mistura sentimentos. Mas a distancia começa a deixar tudo mais sereno, mais em paz... isso serve para os lugares, para os relacionamentos, para o tempo... quanto mais distante estamos, mais as imagens vão se purificando, mais a realidade vai dando lugar a idealização... por isso que quem está no nosso passado parece tão mais perfeito do que aqueles que estão no nosso presente... por isso que a infância é tão exaltada pelas pessoas. 
Eu particularmente acho que não tem fase da vida mais medonha do que a infância... somos vulneráveis, todos nos enganam, somos dependentes e com uma necessidade de sermos amados e cuidados que geralmente não é suprida por inteiro... ah, e fora como os nossos iguais, as outras crianças, são cruéis. Horrível, mas todo mundo acha lindo ser criança, todo mundo fica querendo voltar para trás. 
É isso, a realidade é dura, a memória é seletiva e somos quase sempre uma fraude... enganamos a nós mesmos com uma imagem nossa e dos outros que não é real. Acho que preciso ler mais para me sentir menos fraude, ler os clássicos, ler ao menos o mínimo necessário para poder nivelar um pouquinho o meu muito me achar com aquilo que realmente sou... e escrever... preciso escrever muito mais, porque assim entre poemas e crônicas, entre e-mail e cartas, registro o que realmente sinto no momento em que a coisa aconteceu, publico para mim mesma o que eu realmente achava daqueles que estiveram em minha vida e o que eu achava de mim... assim corro menos risco de idealizar ou crucificar alguém no meu coração... quem sabe assim passo a ter mais noção do real.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Serenamente


Serenamente eu relembro os dias,
E me pergunto porque estive lá.
A ausência de paz constante,
O excesso de tanto falar.
Lutos que não eram meus,
Produções que não eram minhas,
Um lugar que não era meu...
Uma vida que não era minha.
A ansiedade reinante.
A promessa do aconchego que nunca veio.
A duvida constante.
O excesso de receios.
Silêncios invadidos, amores massacrados.
Afetos não compreendidos.
Cordas que de tanto esticar, arrebentam.
Comidas para a alma que não alimentam.
Diante de um tempo que é passado recente,
Que a incomodação é latente,
Resta somente deixar o tempo passar,
Para poder curar uma dor.
Uma dor dessas que nunca se cura,
Que aprende a se agregar na gente,
Que vira lembrança distante na mente,
Quase discreta, incolor,
Mas ainda assim dói,
Por que mesmo diante de tanta contradição,
Insanidade, desfavor...
Esteve ali meu coração,
Cometendo a loucura de construir o amor.

Autenticidade


Não sei ao certo quantos leitores me restarão devido a minha ausência das redes sociais. Contudo, tenho certo que alguns ficarão... gosto que as pessoas leiam meus textos, mas sei bem que, em última instância, escrevo por que me é visceral. Quando fico sem escrever tenho a impressão que algo dentro de mim apodrece, por isso, escrevo, para jogar toxinas para fora, para limpar a alma. Então vou preservar o blog... não estou mais no facebook e nem no orkut, é claro que do orkut já fui tarde... do face foi uma opção de não exposição... e também por economia de tempo... claro que eu vou sofrer crise de abstinência, mas será uma boa experiência. Mudanças me deixam meio desconfortável, mas gosto delas... sair das redes é uma mudança que pode ser temporária, mas é simbólica, quero começar o ano cheia de transformações. E para além dessas que já citei, estes dias li o blog de uma pessoa que gosto e achei muito interessante sua proposta para 2012... disse que sua principal meta é ser menos fraude em 2012. Achei ótimo, pois tenho uma teoria que a maioria das pessoas se sente uma fraude, que no fundo fazem uma auto-promoção de si mesmas que não condiz completamente com o real, ou as vezes até condiz, mas a pessoa não se sente... e quero isso para mim em 2012, ser cada vez mais autêntica. Assumir menos as coisas que sei que não darei conta.... acho que isso é pura arrogância, querer salvar o mundo, apresentar soluções para problemas que não são nossos. Quero parar de assumir responsabilidades que não são minhas, cuidar de pessoas que não são os meus. Também não quero abrir mão de nenhum traço da minha personalidade... há algumas convicções que tenho que são valores, que foram sedimentadas em mim a muito tempo e com muito cuidado... minha concepção de modelo de vida, de completude que foge ao senso comum, não aceitando que nos relacionamos com alguém para nos sentirmos completos. Somos completos em nós mesmos e nos relacionamos por outros motivos ... essa concepção é algo que não vou abrir mão. Meu entendimento da importância da individualidade (que é diferente de individualismo), de ter meu espaço objetiva e subjetivamente respeitado, quero que permaneça e ganhe proporções ainda maiores. E nunca, nunca quero ter que demonstrar nenhum tipo de afeto por obrigação, por causa da demanda do outro... afetividade, amor, carinho é fato, não dá para pedir. 
Estou falando isso, reafirmando meus princípios, criando prova do que eu penso ao escrever neste post e publicá-lo para que ninguém esqueça e nem mesmo eu, de que sou assim. Para que ninguém tente a façanha (que já nascerá fracassada) de me mudar... não quero estar com alguém que tenha valores muito diferentes dos meus. Sou assim, como diz meu pai, uma alma de cem anos, que não engole papo bravo de fazer tudo juntinhos, de só tomar decisões juntinhos, de ser sempre sincero, o típico sincericídio que só acaba de destruir a auto-estima das pessoas. Ninguém é sempre sincero... somos cheios de segredos, de gavetas trancadas que nunca serão abertas.... somos um infinito particular, no qual ninguém estará nunca pronto para entrar. Com o tempo revelamos parte do que somos ao outro... mas jamais alguém terá a real dimensão de quem somos... o senso comum, o machismo, a pobreza de espírito, a ignorância, a inocência e etc adora hipocrisia, adora pensar que um casal que se ama será a mesma coisa, que se misturarão de tal maneira que não haverá nenhum abismo entre eles nunca jamais. Se isso fosse verdade, não haveria tanto divorcio por aí. O melhor não é essa hipocrisia de que seremos felizes para sempre e de que não vivemos sem o outro, todo mundo vive sem o outro, pode não querer viver, mas vive... o melhor é reconhecer que a coisa não passa por aí... que tudo na vida tem chance de não dar certo, que as pessoas são imensas em sua individualidade, que há questões que não dizem respeito ao cônjuge, que ninguém pode completar ninguém, que o amor só vive se for espontâneo e tiver liberdade. Penso que se entrarmos num relacionamento sabendo disso, abrindo mão das nossas ilusões infantis dos contos de fadas... se colocarmos a prova as concepções pequenas da ignorância vigente... acho que teremos infinitamente mais chances de fazer dar certo e construir bons relacionamentos não baseados em ilusões (contudo, teremos apenas mais chances, porque nada é realmente garantia), mas baseados na verdade de que somos humanos. E vamos a 2012... com o foco de sermos cada vez mais nós mesmos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Quando...


Eu hei de simplificar,
Quando sorrir abrir,
Quando doer fechar.
Eu hei de complicar,
Quando puder falar,
Quando quiser calar.
Eu hei de escolher,
Quando entender seguir,
Quando confundir parar.
Eu hei de mergulhar,
Quando em mim amor,
Quando em ti, amar.

O Ritmo da Vida



Acho estranho como as pessoas misturam suas inúmeras faces internas com aquilo que lêem ou ouvem. A interpretação textual de muitas pessoas é totalmente parcial... tipo assim, cada um ouve ou lê aquilo que quer, distorce as palavras do outro em favor ou desfavor de seus sentimentos. Não gosto disso, isso me cansa, cansa ter que explicar o que está explicado... por isso escrevo, para resumir, facilitar, entregar a mensagem para que talvez baste isso. Gosto das palavras. Acho o texto ou a fala instrumentos lindos e fundamentais, a verbalização. Contudo, não aceito isso como o único viés de entrega de mensagem. Acho que há muitas formas, um gesto, um olhar, e até um silêncio... gosto da serenidade, de um dia após o outro, da paciência, gosto de esperar para ver, sentir, gosto de deixar os sentimentos amadurecerem, não gosto das precipitações, das muitas sedes aos potes da vida... é preciso calma, é preciso elaboração. Tudo tem seu tempo de maturação... e gosto, gosto do ritmo da vida, e de um dia após o outro.

Todo dia



Acho que deveria haver um dia
Que fosse o dia de muita coisa,
Deveria haver um dia que selasse o direito a ficar só,
E neste mesmo, acumular o dia do silêncio,
O direito de não se explicar,
O direito de não ter que dizer nada por obrigação,
O direito de não ter o amor encurralado pelas perguntas,
E junto a isso, ainda ser garantido e determinado
A paciência e a serenidade,
A lógica da não invasão,
A não permissão de projetar os próprios gostos e anseios
Na alma que não é nossa...
Deveria haver um dia como esses,
Que fosse comemorado, instituído de tempos em tempos,
Mas ao invés de uma vez por ano,
Como se trata de viver o amor em liberdade,
Respirando,
Este dia deveria ser direito todo dia.

Axiologias Invertidas



Letras embaralhadas,
Palavras trocadas,
Numa preferência duvidosa,
E quase sem razão.
Um pano de fundo,
Uma superfície superfície.
Uma linha, um labirinto,
Que faz eu não saber ao certo
O que é menos bonito.
Talvez axiologias invertidas
Sejam a única razão
E deixem tudo sem sentido.
Pois de repente o labirinto
É simplicidade,
E as linearidades ficam ausentes
da suavidade que deveriam ter.
Porque é a leveza, a bruma leve
A justificativa da existência
Daquilo que não vai fundo,
E que por isso, por não pretendendo ir,
Acaba por acontecer.
Contudo, a razão da profundidade,
é seu longo e difícil caminho a percorrer,
Por que ao ultrapassá-lo, ao exercitar-se
Em formação tão dificultosa,
Por tanto embate e não enxergar,
Treina-se os olhos e no fim
Aprendemos a ver tudo,
Aprendemos até a arte de simplificar.
Então estranho, estranho eu...
E vejo estranho,
E o labirinto,
Capaz de confundir os olhos,
Capaz de subverter a razão,
Sim, este o faz,
Mas não porque faz,
Subverte pelo não realizar de sua subversão,
Por não expor sua realidade complexa,
Não inviabilizando a simplicidade,
Tornando-se linha reta.
Quase trazendo solução.
Enquanto isso,
As linhas retas não respondem ao seu linear,
Não reconhecem o meu linear,
Deixam de ligar dois pontos,
Esquecem de serenar.
Enquanto isso,
Me pergunto se as axiologias
Estão mesmo invertidas,
Os se são estas no fim suas razões...
Enquanto isso,
Diante de tanto reinventar da vida,
Que não se cansa de mim todo dia,
Ando cansada e meio assim, perdida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O post mais idiota do mundo- não leia

Estou cansada deste blog... pensando seriamente em salvar na memória do meu computador os meus posts (talvez alguns tenham valor real pra mim), e destruí-lo. E aproveitar e destruir minha página no facebook, minha página no orkut (que já quase nem entro mesmo), criar um e-mail que poucas pessoas tenham. E voltar a escrever cartas aos melhores amigos, e usar uma caderneta para escrever crônicas e poemas... e destruir, destruir e destruir toda essa parafernália virtual que me toma tempo e me causa problema idiota. É essa é a minha vontade, agora... contudo, vou esperar passar minha TPM e qualquer outra tensão que haja em mim. E tenho certeza que mudarei de idéia... porque já passei de uma fase idiota da vida (que muita gente nunca sai) de achar que aquilo que a gente pensa quando não está legal vai permanecer como uma convicção depois... então é isso, desculpe se alguém perdeu tempo lendo este post idiota, de um momento idiota... que amanhã irá passar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Neste ano aprendi


Hoje é o primeiro dia do último mês do ano... tipo, o início do fim de um ano meio estranho. Afinal foi o primeiro ano da minha vida que eu não coloquei nas fichas preenchidas "profissão: estudante". Que não tive férias de três meses e nem passei madrugadas estudando para garantir a prova do dia seguinte. Sinto falta de estudar de forma obrigatória... passei a vida fazendo isso, então acho que fiquei condicionada. Mas de qualquer maneira, foi um ano bom. Ontem, ouvi uma pessoa dizer que não foi quem gostaria neste ano. Acho que ninguém nunca é exatamente quem gostaria... a gente sempre coloca metas e não consegue cumprir todas elas... a vida sempre surpreende nos mostrando caminhos que não imaginávamos, e nos obriga a seguir em frente. Acho que este ano foi um dos mais importantes da minha vida, talvez eu vá ter a real dimensão disso só daqui alguns anos. Neste ano comecei trabalhar, neste ano percebi que não é porque algumas coisas me motivam que elas tem que dominar a minha vida, neste ano percebi que amar alguém não é um departamento da vida que a gente acessa quando tem vontade ou está meio carente, neste ano percebi de verdade que amar e buscar a Deus é a melhor coisa que pode acontecer na vida, neste ano percebi que tem coisa na vida que não adianta insistir, que por mais que a gente se esforce, não vai dar certo porque tem uma natureza diferente daquilo que a gente quer, neste ano descobri que a vida realmente não é linear e que em um instante tudo, absolutamente tudo, pode mudar. Neste ano, entendi que tenho poucos amigos de verdade, muito poucos, mas aqueles que são, serão para sempre, aprendi que não importa o que aconteça, Deus está no controle da minha vida, e sabe o que faz... enfim... aprendi mais do que em todos os outros anos. E no ano que vem... ainda não sei, não tenho grandes metas, além da consolidação daquilo que já vem sendo construído... a única coisa que sei, que quero aprender mais sobre o amor, aprender a amar mais, a Deus, ao meu namorado, a minha família, as pessoas em geral... por que neste ano aprendi, que as melhores intenções do mundo, não valem nada, se perdem se suas bases não estiverem constituídas com amor.

Celebrando a vida



Os dias de primavera são lindos... desde as sete da manhã o Sol já brilha forte, o verde se ilumina, o cheiro lembra felicidade. E eu finalmente consegui regular meu sono, voltar a dormir cedo e acordar cedo. E um ânimo sem precedentes toma conta de mim... ontem foi um dia especial, destes nos quais a alma regozija-se... um dia lindo em relação as coisas importantes da vida... o amor, as amizades, as descobertas. Por isso hoje me sinto assim, suspirando de gratidão, celebrando a vida, comemorando o presente e construindo o futuro... e por falar em futuro... um futuro próximo... faltam menos de 22 horas para o meu encontro com meu amor.