terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A Individualidade das Escolhas...



Há alguns posts atrás, andei escrevendo sobre as escolhas e as dificuldades de fazê-las, pois muitas vezes elas tem de ser feitas às cegas...
Mas ainda há um tema neste mesmo assunto que quero tratar... a presença das pessoas nas nossas decisões...
Já é difícil escolher... mas quando o outro coloca-se como parte das nossas escolhas tudo pode piorar ainda mais...
Geralmente, há pessoas que se ligam em nós por diversas modalidades de vínculos, pode ser parentesco, amizade, paixão, amor, interesse, etc. Mas o fato é que o olhar que os outros seres humanos que nos cercam tem a respeito daquilo que pensamos e daquilo que escolhemos agir, acaba por influenciar e muito as nossas ações.
As vezes, raramente, isso é positivo, mas penso que quase sempre, essa influência vem de maneira ruim. Pois no fundo todo mundo legisla em causa própria... quando o pai dá conselhos ao filho sobre quem deve escolher para ser sua esposa, faz isso em parte pelo bem do filho, para que este tenha uma vida o melhor possível, porém, em boa parte faz isso por si mesmo, pois quer assegurar-se quem estará em sua convivência em sua velhice, quanto melhor a nora for para ele, mais seguro estará ( é só um exemplo)...
Porém, as amizades, penso eu, são as relações em que se consegue a maior parcela de neutralidade em se tratando das opiniões do outro... pois o amigo é aquele ser que não vive debaixo do mesmo teto que você, que não perde nada se você fizer uma escolha profissional errada, que não quer se casar com você, que vai conviver pouco com quem você escolher para se casar... enfim, o amigo é o ser mais confiável neste quisito dos conselhos imparciais...
Mas, nas relações conjugais, tudo piora, e este legislar em causa própria fica ainda mais evidente. Pois, as escolhas de, um afetam diretamente o outro, tanto objetiva, quanto subjetivamente. E nem sempre a opinião do outro é para o bem daquele que está sendo aconselhado (sei que esta não é uma visão nada romântica, mas é uma visão psicanalítica), mas para o bem de si mesmo.
Por isso, penso que, quem ama, tem que sim levar em consideração aquilo que será melhor para o outro, mas as escolhas, em última análise, são sempre decisões individuais... não por egoísmo, mas porque a fatura chega... quando alguém te induz ou aconselha de maneira muito veemente a escolher algo, elabora por você... mastiga, digere, e nos termos psicanalíticos, empresta o seu próprio ego, sua energia vital, ao outro e o outro não elabora sua escolha, e feito isso, acaba por, no fim, cedo ou tarde, ser responsável pelo ato alheio.
E também, além deste argumento, é sempre importante pensar que as escolhas são individuais porque os relacionamentos podem acabar... mesmo que durem para sempre, e mesmo que as pessoas se relacionem quase sempre com o intuito de durar para sempre, eles podem acabar e acabam... e aí, as interferências já estarão lá, e talvez num momento que pode ser tarde para mudar...
Penso que o desafio de todas as relações é buscar um pouco mais de amizade... ou, na linguagem mais comum, a famosa cumplicidade... pais e filhos, cônjuges, companheiros, etc, precisam ser mais amigos, quando externarem seus conselhos, não pautarem a si mesmo... ou pautarem a menor parcela que conseguirem, talvez assim, as relações fiquem mais sinceras e tenham mais chances de dar certo.

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